terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Processo de Nova Scotia



Nesses tempos de portas de imigração canadense cada vez mais fechadas, é bom sempre procurar todas as possibilidades. Vi essa postagem que explica um novo processo provincial, o de Nova Scotia, a exemplo do de Manitoba que descrevi nessa postagem.


Boa pesquisa!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

FRRRRR



Eu ouvi alguém dizer que depois de -20°C, é tão frio que tanto faz a temperatura que nem sentimos a diferença.  Pantoute!/De feito nenhum! Eu decoro a temperatura mínima de cada inverno. Em 2010, fez -26°C e a já a -20°C o corno displicente motorista de ônibus me deixou congelando no meio do nada, completamente perdido e o próximo ônibus só passava depois de uma hora como contei nesta postagem. Em 2011 também fez -26°C, mas a sensação térmica chegou a -44°C como filmei e comentei nessa postagem. O inverno de 2012 foi chamado em uma reportagem da RDI de "o inverno que foi interrompido" de tão fraco e atípico. Mesmo assim, chegamos nos -24°C.

Esse inverno resolveu dar uma "refrescada" na lembrança dos québécois de idade mediana e mais avançada, ao chegar aos -29°C e sensação de -42°C. A temperatura mais fria em Québec desde quando começaram a registrar foi de -36,5° em 1972 como podem ver aqui. Não só isso. Quando a temperatura dá um mergulho desses, normalmente passa um ou dois dias e retorna a sua faixa típica acima dos -20°C. Mas passou cerca de uma semana de frio mais intenso, o que eu não tinha visto ainda. E mesmo quando a temperatura começou a subir, o vento gélido continuou impiedosamente a subtrair ao menos 10°C de sensação térmica. Comentei com uma colega de trabalho que mora em Boston, a apenas seis horas mais ao sul de Québec, que era o dia mais frio da minha vida. E ela respondeu que o dela também!

Passar dos -20°C parece romper um limite físico como a barreira do som, pois algumas coisas mudam visivelmente. Em vários lugares, começa a criar gelo na parte de baixo das janelas, mesmo as de boa isolação com vidro duplo e que ficam logo acima dos aquecedores regulados a 22°C. Quando abria a porta de manhã cedo, o choque térmico criava uma fumaça que entrava na casa. Mas o que mais apresenta mudanças são os carros. Muitos deles não dão partida e a quantidade de acionamento dos serviços de socorro mecânico aumenta absurdamente. 70% deles, por causa de bateria fraca. Ao me virar para colocar mochilas no bagageiro, quase bato o rosto na quina da porta traseira do carro porque ao invés de subir como sempre, ela simplesmente parou no meio do caminho. Mesmo esperando alguns minutos para o carro esquentar, tudo fica duro: direção hidráulica, freio, embreagem (no carro antigo que tinha). O carro fica tão doido que tem horas que ele avança uma marcha por engano e volta para a anterior imediatamente.

Não vou mentir. É frio pra burro, cavalo, boi e tudo quando é bicho, mais ainda para os bípedes (ir)racionais. O carinha do "Têtes à claque" conta que os ursos têm 5 cm de pele (será?) e mesmo assim, ficam até a primavera escondidos em uma caverna. E nous autres/nós? Compramos luvinhas no Walmart! Mesmo com o meu aparato que me permite praticar snowboard a -20°C sem que o frio me incomode (a atividade física ajuda), não dá para fazer piquenique no parque a -29°C. Só o que podemos fazer é controlar as duas outras variáveis: reduzir o tempo de exposição ao mínimo possível. Sabe as compras de supermercado? Que tal fazer antes do que a previsão meteorológica mostra como alerta em vermelho? Sem dúvida nenhuma, com um carro fica muito mais suportável.

Hein? A outra variável? Que outra vari...ahh, sim! A outra é a cabeça! Me perguntam em várias situações:
-Mas você não sente frio?
-Claro que sim! Não tenho a camada de gordura por baixo da pele para me proteger e uso menos roupa que a média das outras pessoas.
-E como você aguenta o sofrimento?
-Sendo masoquista!

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

1095 dias, 36 meses, 8 estações, 3 anos



Hoje faz exatamente três anos que cheguei aqui nas terras nórdicas. Lembro bem do meu sentimento de cachorro que caiu do caminhão de mudanças, modo de sobrevivência em guerra ativo o tempo todo, achando tudo tão diferente, mas ao mesmo tempo, tão bonito e fascinante. A mudança é realmente radical.

Ao contrário de completar dois anos como descrito nessa postagem, esse marco de três anos tem uma implicação simbólica forte. Hoje, vendo nossas vidas estáveis, bem adaptados à cultura, idioma e costumes daqui, podemos dizer que é o nosso lar e o nosso país. O primeiro ou segundo ano poderia dar esse significado. Mas o terceiro ano é mais representativo porque é no seu término que ganhamos o direito à cidadania canadense.

O nome "residente permanente" quer dizer que não somos turistas ou estudantes passando apenas alguns meses. Mas também não quer dizer que possamos realmente passar a vida toda assim.  Pelo que ouço, a primeira renovação do status de residente permanente no final dos 5 anos de validade é facilmente aceita. Mas não necessariamente a segunda renovação, uma vez que completemos 10 anos, ou as demais.

Desta forma, usufruir desse direito significa ter que fazer de forma definitiva e pela última vez um processo do governo para garantir a nossa presença com status legal. Também significa poder exercer a cidadania sob a forma do voto, exercício esse que me fez falta nas eleições provinciais do Québec no ano passado. E, complementarmente, também nos abre a possibilidade de termos um passaporte canadense e não precisarmos mais de vistos para visitar os EUA, México e possivelmente outros. Eu já saí e voltei para o Canadá duas vezes e sem dúvida nenhuma, me sentiria bem mais confortável ao mostrar um passaporte que não gerasse uma certa desconfiança na hora de voltar para a minha própria casa (Quando você imigrou para o Canadá? Qual é o seu código postal?).

Claro que mesmo legal e oficialmente sendo tão canadenses quanto qualquer outro, nunca o seremos completamente porque não nascemos aqui, não vivemos tudo o que aconteceu durante décadas, etc. Os nossos filhos vão ser mais que nós. Por outro lado, o que importa mesmo é que adoramos a vida aqui, como ela é.  Além dos amigos brasileiros, temos também amigos não brasileiros com proximidade suficiente para passarmos um dia na piscina comendo churrasco, sairmos para jogar boliche ou para virem jantar em nossa casa.

Deixo vocês com essa música que encontrei quando estava estudando inglês para o exame do IELTS, para dar entrada no processo de imigração e que tem tudo a ver com a postagem. Para mim, é uma volta ao tempo que a imigração era somente um sonho!