domingo, 22 de dezembro de 2013

Ativando o desconfiômetro em ligações recebidas


Algo que eu não esperava ter que me preocupar por essas terras nórdicas infelizmente acaba sendo uma realidade: telefonemas fraudulentos e outras "pegadinhas" relacionadas ao telefone. Sabem como é o "cerumanu", né? Esse bicho é fogo e os mal intencionados estão em toda parte do mundo. Vou contar uns casos para que vocês fiquem mais atenciosos e precavidos nesse tipo de situação.

"Aqui é da Microsoft...". Alguns amigos contam que receberam uma ligação de uma pessoa que se dizia ser funcionária da Microsoft (ou outra empresa com outra desculpa) e que eles precisariam fazer algo senão o computador iria deixar de funcionar, ou algo semelhante. Um deles nem mesmo usa softwares da Microsoft e o cara insistia que assim mesmo. Para quem mora no Québec, tem uma forma que parece ser bastante eficaz e mesmo simples de desmascarar a fraude: falar em francês! Uma empresa que faz ligações para o Québec sabe que o idioma oficial daqui é o francês. Se a pessoa ao telefone não falar francês, é muito provável que seja uma fraude. Simplesmente pelo fato de falarem em francês, o "bonitinho" normalmente não prolonga muito e já desliga. Muitas dessas ligações fraudulentas vêm dos EUA.

10$/mês de SMS indesejados. Acredito que tudo começou quando eu inocentemente coloquei o número do meu celular no Facebook. Eis que comecei a receber mensagens no celular (SMS) com curiosidades bem bobas. Quando recebi a conta do celular, veio com 10$ de cobrança dessas mensagens repassada pela empresa de telefonia celular por uma empresa que nunca vi na vida. Liguei para o telefone dessa empresa que constava na conta e só tive um respondedor automático sem opção de falar com atendente e tudo em inglês (empresa estadunidense, para variar). Liguei para a minha empresa de telefonia celular e eles disseram que infelizmente, nem eles nem nenhuma outra empresa de telefonia não podem cancelar essa cobrança porque é assim que a lei determina. O cliente tem que se entender com a outra empresa diretamente. Até pedi para cancelarem o meu serviço de SMS mas a atendente disse que isso não evitaria a cobrança. Interagi com o respondedor automático e consegui cancelar o serviço. Porém, continuei recebendo os SMS chatos e na conta seguinte, veio o mesmo valor mas com uma empresa de nome diferente. Liguei cancelei novamente através do mesmo repondedor automático. Dessa vez, o cancelamento surtiu efeito e passei a falar menos palavrões.

"Parabéns! Você acabou de ser sorteado para uma viagem de graça para as Bahamas!". Muita gente aqui está recebendo ligações de uma máquina de tempos em tempos que começa com essa mensagem em inglês. Eu nem perco muito tempo e desligo logo. O número de telefone muda muito até mesmo de província. Pelo visto, é uma empresa que faz pesquisas de opinião e esse lance da viagem "de graça". Nesse artigo, um cara que investiga dá mais detalhes.

Quando recebo ligações suspeitas como essas, o que faço é pesquisar no Google, digitando o número do telefone. Eis um exemplo desse último caso que contei: 1 902 708-8307. Se puderem dar uma lida em algumas ocorrências, vão ver comentários que dão indícios de malandragem.

É galera, infelizmente tem "malaca" em toda parte do mundo e em terras novas, podemos cair no conto do vigário por falta de experiência. Mas nada que um brasileiro calejado não possa ajustar o "desconfiômetro" e detectar facilmente novas armadilhas. Em caso de dúvida: tuuuuu, tuuuuu, tuuuuu, tuuuuu, tuuuuu...


domingo, 17 de novembro de 2013

Da relação direta entre ter de limpar seu banheiro você mesmo e poder abrir sem medo um Mac Book no ônibus




É muito difícil explicar alguns fatos da sociedade brasileira para quem não tem vivência em outra sociedade bem diferente. Por isso que normalmente não tento explicar porque saí do Brasil.

Basicamente, é porque percebi que o Brasil não está errado e precisamos consertá-lo. Infelizmente, cheguei à conclusão de que ele está do jeito que a sua sociedade quer, senão, já teria mudado. Claro que não é tão simples assim e existem diversas sociedades no Brasil. Mas esse artigo que um brasileiro que mora na Holanda explica de forma bem clara e objetiva a essência do problema.

Se você entender e concordar com o ponto de vista do autor, vais entender porque eu digo que não é o Brasil que está errado. Eu é que estava errado tentando mudá-lo nadando contra a corrente, quando o certo era sair de lá.

O texto se refere à Holanda, mas o Canadá e muitos outros países se encaixam perfeitamente na descrição.

Boa leitura!
http://blog.daniduc.net/2009/09/14/da-relacao-direta-entre-ter-de-limpar-seu-banheiro-voce-mesmo-e-poder-abrir-sem-medo-um-mac-book-no-onibus/

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Toronto

E finalmente conhecemos a maior cidade do Canadá: Toronto. Eu particularmente tinha muita curiosidade de saber como era esta cidade, tanto pela sua importância, quanto por causa dos comentários que ouvi.

Apesar de não gostar de grandes metrópoles, me surpreendi com Toronto. A GTA (Greater Toronto Area/Zona Metropolitana de Toronto) tem cerca de 6 milhões de habitantes, mas não tem os problemas de grandes metrópoles na medida que eu esperava. Ressalto 3 pontos:

- Densidade. Essa foto (horrível, por sinal!) foi tirada do alto da CN Tower, que fica bem no centro da cidade. Podemos ver que existem prédios altos, mas não são tantos e nem ficam tão próximos. A densidade é baixa e não sufoca a cidade. Tem inclusive uma quantidade relativamente boa de área verde.


- Trânsito. Se eu dissesse que não tinha congestionamentos, estaria mentindo porque até aqui em Québec tem. Mas para o porte da cidade, achei que o trânsito flue bem. Ficamos em um hotel no centro, andamos em horários
diferentes e para lugares diferentes. A única vez que pegamos um congestionamento considerável foi quando saímos da CN Tower. Mas é explicável pelo fato de estar tendo um evento grande (e esquisito!) ao lado da torre, ser no horário de rush e ainda ter um trecho de obras bloqueando uma parte da rua. Toronto tem muitos carros, mas tem artérias com muitas faixas. Também percebemos congestionamento na saída da cidade em direção a Montréal, em uma estrada com muitos caminhões somados ao trânsito metropolitano.

- É uma cidade organizada, bem cuidada e limpa, com áreas verdes. Também me disseram que o transporte público é bom, mas isso eu não posso dizer por experiência própria.

Uma dica que eu dou é analisar se vale a pena comprar o City Pass (Percebam que a página está em português!). Ele dá direito a entrada em cinco atrações da cidade: CN Tower, Royal Ontario Museum, Casa Loma, Toronto Zoo e Ontario Science Center. Acho que duas ou menos dessas atrações não justificam a compra do City Pass. Mas a partir de três, já pode ser que valha a pena dependendo de quais são.

A CN Tower tem 346 metros e é impressionantemente alta. A vista vale a visita. Para quem tem muito medo de altura, eu não recomendo. Para um nível gerenciável, acho que dá para suportar. A Monica, por exemplo, usou a estratégia de ficar em um canto do elevador semi-panorâmico, concentrada lendo um folheto e virada para uma parte do elevador que não é transparente. Lá em cima, tem apenas uma parte de um dos andares que tem o chão de vidro. Mas também tem como ser evitado.















Para quem tem crianças, o Ontario Science Center é tanto uma aula de ciências quanto uma fonte enorme de curiosidades. Infelizmente, nem a iluminação nem as crianças me deixaram tirar muitas fotos.







E a última atração que vimos foi o zoo. Para esse, reservem algumas horas, pernas e garrafas de água se estiver quente como estava. O zoo é imenso! Tem animais de todo tipo e de toda parte do globo. Para esse daí, eu prefiro deixar que vejam as melhores fotos.


 
 
Como destino turístico, não tenho dúvidas que vale a pena conhecer Toronto. Para morar, isso depende de gosto e do que cada um valoriza ou evita. Mas se eu gostasse de grandes metrópoles, provavelmente Toronto seria a minha escolha.

domingo, 22 de setembro de 2013

Niagara Falls




CA-Niagara Falls Flickr.

Como os destinos mais próximos já foram visitados, estamos tendo que viajar para cada vez mais longe. Finalmente, após esses 3 anos e meio vivendo aqui, topamos a parada de ir até tô tonto, digo, Toronto. E como Niagara Falls fica pertinho, resolvemos aproveitar e conhecer também.

Sem paradas, seriam umas nove horas de viagem. São longos 930Km, mas contando ida e volta, com mais uns passeios em cada cidade, acabamos gastando uns 2000Km de gasolina, pneus e coluna vertebral. A propósito, registro aqui meu "arre égua" por ter pago 1,42$/litro em Montréal e apenas 1,22$/litro em Toronto! Não notei diferença significativa de qualidade da pavimentação ao passar do Québec para Ontário.

Aviso aos navegantes: Um amigo disse que o GPS dele mandou ir pelo outro lado do Lago Ontario e isso faz com que de uma hora para outra, deem de cara com a barreira da fronteira com os EUA. Segue o diálogo que ele disse ter tido com a oficial da fronteira:
-O que vocês vão fazer nos EUA?
-Não tenho a menor ideia!
-(risos). Vão para onde?
-Niagara Falls.
-Ahh! É normal. Acontece com muita gente. Foi o GPS, né?
-Isso.
-E aí? Vão passar ou voltar?
-Já que viemos por esse lado, vamos continuar por aqui mesmo.

Moral da história: Se tiverem o visto estadunidense, é recomendável levar para não ter que voltar ao caminho canadense, o que aumenta o percurso já longo. Senão, é bom prestar atenção para não pegar o caminho que passa pela fronteira.

Para ter mais diversão para as crianças, ficamos em um hotel chamado Americana. A maior vantagem dele é o parque aquático indoor pas pire/nada mal, como podem ver nas fotos. Como a cidade não é tão grande (embora maior do que eu esperava), a localização dele em relação às cataratas (ô nome feio em português, viu?) não é um problema.

Chegando na atração principal que obviamente é a região onde podemos ver as quedas d'água (ficou melhor agora), ficamos deslumbrados. Além do espetáculo da natureza, os parques são bonitos e os estabelecimentos comerciais têm um jeito de Disneylândia (apesar de nunca ter pisado nem perto!).

Outra atração imperdível é o MarineLand. Reserve um dia só para explorá-lo, porque é grande e cansativo, principalmente se estiver fazendo o calor escaldante que encontramos.

Dada a proximidade de Toronto, é bem comum que Niagara Falls seja incluído no roteiro e a meu ver, vale a pena principalmente para quem tem crianças. Mas não deixa de ser interessante também para os adultos. Só o que me frustrou foi não ver ninguém caindo das cataratas dentro de um barril como via nos desenhos animados do Pica-pau e outros.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Basilique de Sainte-Anne de Beaupré e Canyon Sainte-Anne

Essa é mais outra postagem turística da região que o leitor pode dizer: Puxa! Mas só agora que você foi conhecer isso? O que é que você está fazendo aí?
Sim, reconheço que já passei perto tanto da basílica de Sainte-Anne de Beaupré quanto do Canyon Sainte-Anne algumas vezes quando fui praticar snowboard no Mont Sainte-Anne (Nota do revisor: tem Sainte-Anne demais nesse parágrafo!). Também já tinham me recomendado. Mas, sabem como é, né? Acho que fico com a impressão que vai ser uma perda de tempo e vou protelando.
Pois bem, claro que depende de gosto, mas achei que vale a pena sim conhecer. A Basílica (vocês já sabem o resto do nome) é espetacular! É imensa e riquíssima em detalhes no interior. Só pensava em quantas pessoas e quanto tempo levou para construir tamanha obra de arte. Isso mostra a grandeza que a igreja católica de algumas décadas ou séculos atrás tinha aqui no Québec.
Outra coisa interessante a ser vista é le Chemin de Croix/o caminho da cruz ou via crucis. Estátuas douradas representam quatorze momentos importantes da paixão de Cristo.


Recomendo aproveitar para fazer conjuntamente um passeio na natureza pelo Canyon Sainte-Anne. Fizemos um pique-nique como almoço na entrada do parque, onde tem mesas próprias na sombra (ou no sol, se você precisar e quiser se aquecer!). Do lado de dentro, tem um playground para as crianças e umas estátuas de animais para fotos. Existem duas pontes para ir ao outro lado do profundo canyon. A primeira é mais baixa e curta. Seguindo pelo outro lado, podemos voltar pela ponte mais alta e comprida. Se tiveres espírito aventureiro, podes até atravessar de tirolesa no cabo de aço.
Voltando ao lado de partida, existe uma escadaria de 187 degraus para chegar na parte mais baixa, onde acho que tem outra ponte. Como podem ver nas fotos, é uma paisagem diferente e interessante, mas não tem como eu passar pelo blog a sensação da brisa e do som provocado pela massa de água que cai de uma altura considerável.


Sem dúvida que sempre vai ter algum destino turístico a ser visitado e reportado aqui no blog. Os mais próximos e fáceis já estão sendo cobertos, mas deve ainda ter algum que ainda está nos esperando. Além desses, pretendemos ainda fazer boas viagens exploratórias com o espírito aventureiro e de repórter, claro!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Nova lista de profissões do processo federal


Acabou de sair a nota oficial de que no dia 4 de maio de 2013 o processo federal vai sair da pausa que começou em 1 de julho de 2012.

Além do mais, o CIC instituiu uma nova lista de 24 profissões admissíveis. Achei curioso que em 2009, quando fiz o processo federal, a única profissão da área de informática era a de IT manager/gerente de TI. A lista seguinte não tinha nenhuma profissão de informática. Nessa que vai passar a valer a partir de 4 de maio, temos Computer Engineers e Computer programmers and interactive media developer.

Para quem estava no aguardo de boas notícias, essa pode ser a decisiva. Recomendo a quem está pensando em fazer o processo a se decidir logo e dar entrada, mesmo que após maturar melhor a decisão, acabe por desistir. Digo isso porque em geral os processos sempre foram cada vez mais restritos e é a primeira vez que vejo uma reabertura.

Segue o link da fonte oficial.
http://www.cic.gc.ca/english/department/media/backgrounders/2013/2013-04-18.asp

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Québec à noite

Essa é mais uma daquelas postagens com um vídeo turístico de Québec que nos deixa maravilhados. Mesmo eu que moro aqui há mais de três anos e conheço tudo o que é mostrado no vídeo, ainda fico de queixo caido com tanta beleza.

Dessa vez, é um vídeo criado com uma técnica chamada timelapse ou hyperlapse que consiste em tirar fotos com intervalo regulado por um temporizador e passado por um processo de transformação em vídeo. A magia desse vídeo é que pode-se ver fenômenos que são muito lentos para serem percebidos em algo mais dinâmico. Também, isso permite captar melhor a luz ambiente tornando as imagens noturnas mais vivas.

Com vocês, Nocte lumen! (provavelmente, luz noturna)



Québec | NOCTE LUMEN | Hyperlapse from DFDesign on Vimeo.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Processo de cidadania - Déjà-vu


Como sabem, completamos 3 anos de Canadá e já temos direito a dar entrada no processo de cidadania. Isso porque também se passaram as duas semanas a mais que temos que descontar por termos estado no Brasil e mais um dia nos EUA. Desde que cheguei aqui, estava contando os dias para fazer isso. Mas quando comecei a pesquisar os detalhes, tive uma forte sensação de déjà-vu.

Para quem deu entrada até outubro do ano passado, a semelhança com o processo de imigração fica somente no prazo, que no presente momento, está em torno de dois anos. Para quem pretende continuar morando aqui, isso não incomoda tanto porque coincide com o final da validade do cartão de residente permanente.

Mas estou colecionando casos de decepção ao descobrirem que a situação começa a sair do previsto e ficar mais complicado. Dois amigos meus, um mexicano e um brasileiro, deram entrada em outubro. O mexicano mandou as fotos sem um carimbo de data atrás e o brasileiro esqueceu de assinar um formulário. Obviamente não puderam dar entrada no processo. Ao enviar pela segunda vez, o mexicano recebeu mais uma recusa porque a partir de novembro (não sei exatamente o dia), passou a valer o processo novo. O brasileiro soube antes de enviar pela segunda vez.

Segundo esse novo processo, ao invés do nível de proficiência de francês ou inglês ser avaliado na entrevista, agora temos que enviar um certificado de proficiência. Em teoria, isso não deveria ser um problema, pois eles aceitam os mesmos que foram feitos para o processo de imigração e os boletins/certificados dos cursos de idiomas normalmente feitos pelos cônjuges (francisação do MICC, por exemplo). A Mônica tem esse boletim com mais que a nota mínima.

Na prática, tem mais exceção que regra. Há 3 anos atrás, o nível de francês no processo do Québec era avaliado em uma entrevista e assim, muitos não têm certificado. E no caso do processo federal, que é o meu, fizemos o IELTS. O problema é que o British Council não emite outro certificado depois de dois anos do exame. E para me deixar mais chateado, o original com notas bem acima do mínimo está no mesmo CIC (Citoyenneté et Immigration Canada/Citzenship and Immigration Canada), mas ele próprio exige que eu mande outra cópia, pois é para outra finalidade.

Nessa página, temos os documentos aceitos como comprovação de proficiência e nessa, temos o fluxograma de casos para determinar qual certificado é aceito em cada situação.

Para piorar, discutimos em uma lista de brasileiros, pesquisamos, o mexicano chegou a ligar para o CIC mas não tem jeito. Quem mora em Québec tem que ir fazer o exame em Montréal. Aqui em Québec, existem entidades para fazer os testes de francês TCF e TFI, que são aceitos caso tenham sido os do processo de imigração. Mas não podemos fazer um deles agora para a cidadania. Os únicos aceitos nesse caso são o TEF/TEF-AQ, IELTS e CELPIP (dois últimos em inglês). E nenhum deles estão disponíveis aqui em Québec. Isso significa pagar 260$ e ir fazer o exame em Montréal.

E talvez sem relação direta com a mudança no processo, mas pelo que me disseram, nem a prova e entrevista, nem a cerimonia que oficializa a cidadania não são mais feitas em Québec. Isso significa que terei que ir três vezes a Montréal para me tornar cidadão. Tudo bem que Québec é uma cidade pequena comparada com Montréal, mas câlice/PQP, aqui é a capital da província e tinha isso aqui!

Se vocês pararem para pensar, está ficando mais parecido com a via crucis do processo de imigração. Em parte, pagamos o preço da fraude de outros. Mas não vai ser por isso que vamos desistir! Quem teve a paciência de fazer uma vez pode fazer novamente. E pela última vez!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Processo de Nova Scotia



Nesses tempos de portas de imigração canadense cada vez mais fechadas, é bom sempre procurar todas as possibilidades. Vi essa postagem que explica um novo processo provincial, o de Nova Scotia, a exemplo do de Manitoba que descrevi nessa postagem.


Boa pesquisa!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

FRRRRR



Eu ouvi alguém dizer que depois de -20°C, é tão frio que tanto faz a temperatura que nem sentimos a diferença.  Pantoute!/De feito nenhum! Eu decoro a temperatura mínima de cada inverno. Em 2010, fez -26°C e a já a -20°C o corno displicente motorista de ônibus me deixou congelando no meio do nada, completamente perdido e o próximo ônibus só passava depois de uma hora como contei nesta postagem. Em 2011 também fez -26°C, mas a sensação térmica chegou a -44°C como filmei e comentei nessa postagem. O inverno de 2012 foi chamado em uma reportagem da RDI de "o inverno que foi interrompido" de tão fraco e atípico. Mesmo assim, chegamos nos -24°C.

Esse inverno resolveu dar uma "refrescada" na lembrança dos québécois de idade mediana e mais avançada, ao chegar aos -29°C e sensação de -42°C. A temperatura mais fria em Québec desde quando começaram a registrar foi de -36,5° em 1972 como podem ver aqui. Não só isso. Quando a temperatura dá um mergulho desses, normalmente passa um ou dois dias e retorna a sua faixa típica acima dos -20°C. Mas passou cerca de uma semana de frio mais intenso, o que eu não tinha visto ainda. E mesmo quando a temperatura começou a subir, o vento gélido continuou impiedosamente a subtrair ao menos 10°C de sensação térmica. Comentei com uma colega de trabalho que mora em Boston, a apenas seis horas mais ao sul de Québec, que era o dia mais frio da minha vida. E ela respondeu que o dela também!

Passar dos -20°C parece romper um limite físico como a barreira do som, pois algumas coisas mudam visivelmente. Em vários lugares, começa a criar gelo na parte de baixo das janelas, mesmo as de boa isolação com vidro duplo e que ficam logo acima dos aquecedores regulados a 22°C. Quando abria a porta de manhã cedo, o choque térmico criava uma fumaça que entrava na casa. Mas o que mais apresenta mudanças são os carros. Muitos deles não dão partida e a quantidade de acionamento dos serviços de socorro mecânico aumenta absurdamente. 70% deles, por causa de bateria fraca. Ao me virar para colocar mochilas no bagageiro, quase bato o rosto na quina da porta traseira do carro porque ao invés de subir como sempre, ela simplesmente parou no meio do caminho. Mesmo esperando alguns minutos para o carro esquentar, tudo fica duro: direção hidráulica, freio, embreagem (no carro antigo que tinha). O carro fica tão doido que tem horas que ele avança uma marcha por engano e volta para a anterior imediatamente.

Não vou mentir. É frio pra burro, cavalo, boi e tudo quando é bicho, mais ainda para os bípedes (ir)racionais. O carinha do "Têtes à claque" conta que os ursos têm 5 cm de pele (será?) e mesmo assim, ficam até a primavera escondidos em uma caverna. E nous autres/nós? Compramos luvinhas no Walmart! Mesmo com o meu aparato que me permite praticar snowboard a -20°C sem que o frio me incomode (a atividade física ajuda), não dá para fazer piquenique no parque a -29°C. Só o que podemos fazer é controlar as duas outras variáveis: reduzir o tempo de exposição ao mínimo possível. Sabe as compras de supermercado? Que tal fazer antes do que a previsão meteorológica mostra como alerta em vermelho? Sem dúvida nenhuma, com um carro fica muito mais suportável.

Hein? A outra variável? Que outra vari...ahh, sim! A outra é a cabeça! Me perguntam em várias situações:
-Mas você não sente frio?
-Claro que sim! Não tenho a camada de gordura por baixo da pele para me proteger e uso menos roupa que a média das outras pessoas.
-E como você aguenta o sofrimento?
-Sendo masoquista!

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

1095 dias, 36 meses, 8 estações, 3 anos



Hoje faz exatamente três anos que cheguei aqui nas terras nórdicas. Lembro bem do meu sentimento de cachorro que caiu do caminhão de mudanças, modo de sobrevivência em guerra ativo o tempo todo, achando tudo tão diferente, mas ao mesmo tempo, tão bonito e fascinante. A mudança é realmente radical.

Ao contrário de completar dois anos como descrito nessa postagem, esse marco de três anos tem uma implicação simbólica forte. Hoje, vendo nossas vidas estáveis, bem adaptados à cultura, idioma e costumes daqui, podemos dizer que é o nosso lar e o nosso país. O primeiro ou segundo ano poderia dar esse significado. Mas o terceiro ano é mais representativo porque é no seu término que ganhamos o direito à cidadania canadense.

O nome "residente permanente" quer dizer que não somos turistas ou estudantes passando apenas alguns meses. Mas também não quer dizer que possamos realmente passar a vida toda assim.  Pelo que ouço, a primeira renovação do status de residente permanente no final dos 5 anos de validade é facilmente aceita. Mas não necessariamente a segunda renovação, uma vez que completemos 10 anos, ou as demais.

Desta forma, usufruir desse direito significa ter que fazer de forma definitiva e pela última vez um processo do governo para garantir a nossa presença com status legal. Também significa poder exercer a cidadania sob a forma do voto, exercício esse que me fez falta nas eleições provinciais do Québec no ano passado. E, complementarmente, também nos abre a possibilidade de termos um passaporte canadense e não precisarmos mais de vistos para visitar os EUA, México e possivelmente outros. Eu já saí e voltei para o Canadá duas vezes e sem dúvida nenhuma, me sentiria bem mais confortável ao mostrar um passaporte que não gerasse uma certa desconfiança na hora de voltar para a minha própria casa (Quando você imigrou para o Canadá? Qual é o seu código postal?).

Claro que mesmo legal e oficialmente sendo tão canadenses quanto qualquer outro, nunca o seremos completamente porque não nascemos aqui, não vivemos tudo o que aconteceu durante décadas, etc. Os nossos filhos vão ser mais que nós. Por outro lado, o que importa mesmo é que adoramos a vida aqui, como ela é.  Além dos amigos brasileiros, temos também amigos não brasileiros com proximidade suficiente para passarmos um dia na piscina comendo churrasco, sairmos para jogar boliche ou para virem jantar em nossa casa.

Deixo vocês com essa música que encontrei quando estava estudando inglês para o exame do IELTS, para dar entrada no processo de imigração e que tem tudo a ver com a postagem. Para mim, é uma volta ao tempo que a imigração era somente um sonho!