segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Anfiteatro de Québec


O projeto de ressuscitar o time de hockey de Québec da NHL, o Nordiques, continua de vento em popa. Tiveram sinal verde para a construção do anfiteatro multifuncional e este vai ser construido no antigo hipódromo de Québec. O projeto foi divulgado na imprensa e ficou muito moderno e bonito. A previsão de término é para o outono de 2015.

Enquanto isso, houve a possibilidade do Phoenix Coyotes ser vendido e dentre as três possíveis cidades interessadas, Québec seria a mais bem cotada. Mas o assunto esfriou e não ouvi mais falarem disso. Daqui para lá, existe a possibilidade do Pierre Karl Peladeau, dono do forte grupo Québecor que vai operar o anfiteatro, comprar um time da NHL para garantir a oportunidade. Isso, mesmo com perda de receita por falta de capacidade e estrutura do atual Colisée Pepsi de Québec para jogos dessa envergadura. Sonhando mais alto que o Mont-Saint-Anne: imaginem uma final da copa Stanley em no nosso anfiteatro pequeno! Viajei agora!

Enquanto isso, até agora os jogadores e times não se entenderam sobre salários e não está tendo nada de jogos da NHL nesta temporada. Falam de 10 a 20 milhões de dólares de prejuízo POR DIA!!!! É lamentável e decepcionante. Todo mundo está perdendo. Daqui a pouco, a temporada toda vai se tornar inviável e pela segunda vez na história (ao menos que eu saiba), a temporada vai ser cancelada. Tomada que tenha ao menos uns joguinhos, senão teremos que esperar a próxima temporada.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

As melhores cidades para se viver no Canadá



O colega blogueiro Rafael fez uma boa postagem em cima do resultado do estudo Canada's Best Places to Live 2012, da revista MoneySense. Nessa postagem ele explica os critérios de avaliação com seus pesos, bem como relaciona as cidades com seus possíveis processos de imigração e diretrizes de escolha como idioma, por exemplo. Usei essa foto que tirei daqui de Québec, mas espero que seja a única propaganda parcial da cidade onde moro.

Como gosto de trabalhar informações, resolvi filtrar somente as cidades que são mais consideradas pelos imigrantes (ao menos os brasileiros) e analisar o ranking de cada critério. Fiquei surpreso com alguns resultados e em muitos casos, surpreso por ver a confirmação exata da minha intuição. No final da minha engenharia de Excel (que na verdade, eu uso o Calc), pensei em escrever a minha opinião sobre esses mini rankings por critério, o que não se sobrepõe ao artigo original do Rafael, mas o complementa.

Aí vão os avisos legais e ilegais! Não aglomerei as cidades em regiões metropolitadas porque é complicado. Peguei simplesmente a cidade principal de cada uma. Não conheço todas as cidades e é a minha opinião pessoal. Não vou idenizar ninguém se alguém escolher a cidade baseado na minha opinião e chegando lá, chover mais ou menos. Também, essa postagem não foi registrada em nenhum cartório eleitoral brasileiro de acordo com as regras do TRE.

Walk/bike to work/Andar/pedalar para o trabalho

PosiçãoCidade, Província
6Vancouver, BC Vancouver é a cidade linda, turística, etc. Nada mais justo que ir trabalhar a pé ou de bicicleta curtindo a paisagem. Vi em algum lugar algo que dizia que Montréal era a cidade mais bike friendly/"amigável" a bicicletas do mundo. Québec e Ottawa são parecidas em muitos aspectos, talvez por causa do porte.
25Montreal, QC
30Quebec, QC
39Ottawa, ON
60Toronto, ON
99Winnipeg, MB
108Edmonton, AB
123Calgary, AB


Affordable housing/Custo de moradia

PosiçãoCidade, Província
76Winnipeg, MB Esse critério tem que ser analisado criteriosamente! (sim, foi um trocadilho infame). Metade da nota é dada pelo custo médio e a outra metade é dada pelo tempo médio que leva para comprar uma casa, considerando a renda média de uma família da cidade em questão.
Winnipeg não tem lá muita procura. Em Québec, os imóveis são baratos mesmo. Calgary e Edmonton têm custos um pouco mais altos, mas renda também mais alta. O bom desse índice é que leva isso em consideração.  É natural que em Toronto, a maior cidade do Canadá, a concentração aumente os custos de habitação. E em Vancouver, dizem que a especulação imobiliária de asiáticos inflaciona os preços.
118Quebec, QC
119Calgary, AB
124Edmonton, AB
134Ottawa, ON
174Montreal, QC
178Toronto, ON
190Vancouver, BC


Househood Income/Renda familiar

PosiçãoCidade, Província
8Calgary, AB Calgary e Edmonton ficam em Alberta, a província do petróleo que por isso é chamada de "Alberta Saudita". Ottawa é a capital federal e é um polo de informática. Fora isso, não sei dizer porque está em segundo lugar dentre as cidades consideradas aqui. Toronto é a São Paulo canadense. Vancouver é a terceira maior cidade do Canadá. Fora isso, não sei o que tem de renda lá. Québec e Montréal, bem, estamos no Québec! Os salários daqui tendem a ser mais baixos (embora o mais importante seja a relação custos e renda) e chutaria que talvez possa ser influenciado por jovens que saem de casa mais cedo para estudar ou viver a sua vida privada, apesar de que, pode ser que seja assim também em outras províncias.
36Ottawa, ON
40Edmonton, AB
48Toronto, ON
72Vancouver, BC
78Winnipeg, MB
138Quebec, QC
165Montreal, QC


Discretionary Househood Income/Renda familiar discricionária

PosiçãoCidade, Província
7Calgary, AB Só o que posso dizer é que só a galera do meio é que muda de posição em relação ao anterior, mas não sei dizer o porquê.
22Edmonton, AB
28Toronto, ON
41Vancouver, BC
43Ottawa, ON
124Winnipeg, MB
150Quebec, QC
165Montreal, QC


New Cars/Carros novos

PosiçãoCidade, Província
7Quebec, QC Nesse critério os homens passam a prestar mais atenção! Achei curioso Québec e Ottawa estarem no topo. Será que é porque são duas capitais com mais políticos? Montréal e Toronto são as duas maiores cidades, mas tem também muita gente com carro velho. Me surpreendi com esses resultados.
15Ottawa, ON
29Montreal, QC
31Toronto, ON
59Calgary, AB
91Vancouver, BC
92Edmonton, AB
112Winnipeg, MB


Provincial Sales Tax/Impostos provinciais de venda

PosiçãoCidade, Província
1Edmonton, AB Esse ranking é na verdade das províncias, por isso as repetições na coluna "posição". Nenhuma surpresa no fato de Alberta ficar na cabeça da lista. Eles não têm imposto provincial de venda!! (Só o federal). Também nenhuma surpresa no fato de que o Québec tem os impostos mais altos do Canadá, incluindo de renda também.
1Calgary, AB
3Winnipeg, MB
3Vancouver, BC
4Ottawa, ON
4Toronto, ON
5Quebec, QC
5Montreal, QC


Population Growth/Crescimento populacional

PosiçãoCidade, Província
14Ottawa, ON Em primeiro lugar, as minhas duas favoritas com um ritmo de crescimento moderado. Já as quatro últimas são as três grandes que atraem a maior parte dos imigrantes, mais Calgary que tem um crescimento forte por causa do boom do petróleo.
56Quebec, QC
58Winnipeg, MB
68Edmonton, AB
71Toronto, ON
75Vancouver, BC
95Calgary, AB
115Montreal, QC


Low Crime/Baixa criminalidade

PosiçãoCidade, Província
27Ottawa, ON Esta me surpreendeu porque mesmo que eu saiba que o que se mede a é criminalidade em geral, tem vezes que não tem nenhum homicídio em Québec. Edmonton e Winnipeg tem a problemática das primeiras nações. São "índios" que recebem dinheiro do governo, não têm perspectiva de vida e bebem ou se drogam, causando violência. Pensei que Calgary tivesse uma repercussão maior desse problema. Vancouver tem gangues de asiáticos que disputam o poder e o tráfico de drogas.
37Calgary, AB
38Quebec, QC
61Toronto, ON
94Montreal, QC
109Edmonton, AB
123Vancouver, BC
130Winnipeg, MB







Doctors/Médicos

PosiçãoCidade, Província
18Ottawa, ON Esse critério eu gostei porque confirma certinho o que o meu instinto já dizia. Quanto menores as cidades, maior a tendência de ter uma boa relação de médicos por mil habitantes. Isso tende a dar um melhor qualidade do sistema de saúde.
22Quebec, QC
46Edmonton, AB
46Winnipeg, MB
59Calgary, AB
60Vancouver, BC
75Montreal, QC
110Toronto, ON



Weather/Clima


PosiçãoCidade, Província
25Toronto, ON Mais uma confirmação do que eu suspeitava, e dessa eu ri! Vancouver tem o inverno mais ameno do Canadá, mas tem muitos dias de chuva! Ela já tem tanta fama que já ganhou o apelido de Raincouver. Mas se lá chove muito, aqui chove, neva mais que todas as outras, venta e ainda é úmida! Montréal e Ottawa têm menos neve que Québec e uns 2 a 3 graus a menos na média de temperatura de inverno. Calgary e Edmonton têm ainda menos neve, mas o clima é louco! A temperatura fica mais baixa que as demais, mas o clima seco ameniza a sensação térmica. Winnipeg eu não conheço, mas Toronto nem junta neve!
36Winnipeg, MB
41Edmonton, AB
65Ottawa, ON
71Calgary, AB
94Montreal, QC
106Vancouver, BC
184Quebec, QC


Jobless rate/Desemprego

PosiçãoCidade, Província
28Quebec, QC Tem gente que diz que a baixa taxa de desemprego de Québec e de Ottawa é devida ao fato de serem capitais e que os cargos públicos mascaram a taxa. Eu discordo porque conheço uma boa quantidade de brasileiros que conseguiram empregos em órgãos governamentais. Logo, são vagas de emprego que também estão disponíveis como as outras. Edmonton e Calgary ficam em boas posições também por causa do boom puxado principalmente pelo petróleo. As três com mais desemprego são ironicamente as que mais atraem imigrantes por verem mais vagas nos anúncios. O que não se vê, entretanto, é a quantidade de concorrentes. A taxa de desemprego é do mercado todo e não de um setor particular, mas serve para abrir os olhos de que não se pode ver só um lado da moeda. De tempos em tempos chega gente aqui em Québec porque conseguiu o emprego que não conseguiu em Montréal, mas não vejo o inverso. Um amigo de Ottawa diz a mesma coisa de lá.
33Edmonton, AB
42Calgary, AB
47Winnipeg, MB
60Ottawa, ON
112Vancouver, BC
156Toronto, ON
175Montreal, QC


Culture/Cultura

PosiçãoCidade, Província
1Vancouver, BC Achei interessante como transformaram algo que tende a ser subjetivo em números objetivos. É, entretanto, baseado no percentual de pessoas que trabalham em artes, cultura, recreação e esportes, o que não cobre tudo relativo a cultura. Bom, novamente, vantagem para as três maiores, seguido da capital federal e de Québec, que foi onde a colonização da América do Norte não hispânica começou.
5Montreal, QC
6Toronto, ON
7Ottawa, ON
17Quebec, QC
25Calgary, AB
38Edmonton, AB
44Winnipeg, MB



Com isso, espero que tenham mais subsídios para decidirem em qual cidade pretendem morar. O melhor é que com o artigo da revista, com o do Rafael e com o meu, vocês têm como dar seus próprios pesos a cada critério segundo seus interesses e criar conceitos pessoais para cada cidade. A escolha nunca vai ser totalmente precisa, mas imigrar é também correr riscos e saber se ajustar a novos rumos.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Abrigo do carro


Segunda-feira preguiçosa e gelada. Você sai atrasado para o trabalho e ao invés de ver o seu carro, você encontra um sorvete. O seu carro deve estar lá embaixo, mas vais ter que tirar a neve para poder dirigir. Pior é que você descobre que tem gelo grudado no para-brisa e é daqueles que não dá para raspar. Esse episódio de Têtes à Claques faz uma sátira do inverno mostrando uma cena dessas. Daí, você tem que pacientemente esperar o desembaçador derreter o gelo para poder sair.

Mas os seus problemas se acabaram com o abrigo de inverno Tabajaras! Conheci esse mais que útil amigo dos atrasados-por-causa-das-crianças-sonolentas quando compramos a nossa casa. O antigo dono nos deixou de presente e ainda me chamou um dia para me ensinar como montar e desmontar. Um anjo de pessoa esse cara. Quando fui montar no outono, tive dificuldades. Imagine se não tivesse visto montado e com explicações!

Além do carro ficar sem neve nem gelo, também reduz a área de acúmulo de neve para limpar. Quando mais perto da rua, maior a economia, embora exista um limite mínimo definido por lei, talvez por causa da visibilidade. O meu vizinho colocou o dele quase na rua e talvez o trator que raspa a neve da rua cause algum dano. Outra questão legal é que existe uma parte do ano que compreende o inverno na qual é permitido ter esse abrigo montado, mas não pode ficar durante o ano todo. Acho que por questões estéticas, mas realmente não sei.

Depois de uns dois invernos, ficamos maceteados e monto o nosso abrigo sozinho. Mas recomendo fortemente comprar uma furadeira/parafusadeira com adaptador para porca borboleta sob pena de acabar os dedos nas várias dezenas de parafusos. É de suma importância deixar o abrigo bem preso e firme sob o risco de tê-lo sobrevoando os EUA em caso de ventos de 80Km/h. Para isso, existem blocos de cimento de tipos diferentes em lojas tipo Rona e ancoragem para prender ao solo no Canadian Tire como essa daqui, usadas com cintas de catraca como essas daqui.

Como hobby de fotografia, fiz um timelapse para mostrar em poucos segundos a montagem do abrigo que leva algumas horas. Tenham uma boa preparação para o inverno!


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Sistema métrico ou imperial? Pra complicar, ambos!


Lá vinha eu todo animado para regular a bicicleta recém comprada (faz muito tempo, viu?) quando perecbi que uma chave Allen (sextavada) ficava pequena e a seguinte ficava grande. Como pode? Não existe outra intermediária! Hum... Depois de muita reflexão (já quase virando um espelho) é que percebi que o jogo de chaves que havia comprado tinha as dimensões em milímetros. Voltei ao Canadian Tire e troquei pelo outro que tinha as mesmas em frações de polegadas. Deu certo! Algum tempo depois, lá vai eu novamente todo animado ajustar a guitarra recém comprada e aconteceu o mesmo problema novamente. Uai?!?! A guitarra usa parafusos em milímetros? Então tenho que ter OS DOIS jogos de ferramentas? Que bagunça!

As unidades de medida aqui são assim mesmo: un bordel/uma casa de mãe Joana (obs.1 Não tem conotação sexual em francês. 2. Nada contra as Joanas. É só a expressão que achei mais equivalente). O lance é que antigamente, usava-se exclusivamente o sistema imperial herdado da Inglaterra. Em 1968, os Estados Unidos apontaram sua intenção de mudar para o sistema métrico, ou SI (Sistema Internacional). Como 80% do comércio canadense era feito com o seu vizinho sulista, esse iniciou a mudança para o sistema métrico, com meta de fazê-lo até o final da década de 70. Porém, em 1975, ficou claro que os Estados Unidos não iria mais mudar e também a pressão da população fez com que o governo canadense abordasse o processo. Desde então, temos os dois sistemas misturados.

Por causa da mistura, vou abordar por situação, já que para uma mesma grandeza por vezes se usa um sistema, por vezes o outro, contando também que às vezes se usa os dois segundo vários fatores.

-Distância em geral Km;
-Velocidade em Km/h;
-Volume de combustível em litros (l);
-Temperatura ambiental em graus celsius (°C);
-Volume em pequenas quantidades em onças (líquidas)/once/ounce (oz). Geralmente não precisamos converter essa medida porque normalmente é algo que podemos ver como latas e garrafas de bebida. Já ouvi medida de copo de cerveja em pinta/pinte/pint, mas fora isso, não me lembro de ter visto;
-Peso leve como de uma poção de carne, em onças também. Eu apenas guardei que 8 onças de carne é suficiente para mim, já que dá aproximadamente 227 gramas. Para coisas mais pesadas como corte de carne ou peso de pessoas, usam mais a libra/livre/pound. Uma libra equivale a 0,453592 Kg, mas para fazer a conta de cabeça abstraindo o erro, contamos como duas libras sendo aproximadamente um Kg;
-Medidas em polegadas/pouce/inch, pés/pieds/feet, ou combinando pés e polegadas. É nessa hora que desenterramos nosso conhecimento de frações. Por exemplo, minha altura de 1,67m poderia ser convertida assim: 1,67m = 65,748 polegadas. 1 pé = 12 polegadas, logo, 5 pés = 60 polegadas. Podemos então transformar em 5 pés e 5,748 polegadas. Mas como ainda está simples, vamos converter a parte decimal em fração, com um pequeno arredondamento. Assim, minha altura fica como 5 pés, 5 polegadas e 3/4. Prático, né? Uma polegada tem 2,54cm, mas para simplificar, contamos como sendo 2,5. Também um pé mede 30,48cm, mas arredondo para 30cm para facilitar. É o tipo de medida que acabamos preferindo usar porque é muito mais fácil decorar que o fogão e alguns móveis de cozinha têm largura de 30 polegadas (ou mesmo dois pés e meio) que 72,6 cm. Afinal, foi feito em polegadas;

-Quando cruzamos a fronteira dos Estados Unidos, dei de cara logo com uma placa de velocidade máxima de 65 mph (milhas por hora). Pisei imediatamente no freio e comecei a comprimir os olhos para tentar ler a escala alternativa pequenininha no velocímetro. Equivale aproximadamente aos mesmos 100Km/h de velocidade máxima das estradas canadenses. Mas o que uso como ponto de partida para as conversões de milhas para Km é que uma milha vale quase 1,6 Km.

Agora, quer ver uma medida que quebra as pernas? Temperatura em graus Fahrenheit. No forno é fácil porque normalmente estes têm as duas escalas. Mas sair de um hotel nos Estados Unidos dizendo que está fazendo 90°F não serve de muita coisa na hora de escolher a roupa para sair. O chato é que a escala tem um fator multiplicativo e um deslocamento (subtração). A conversão para graus Celsius é feita subtraindo 32 e dividindo por 1,8. Haja cérebro!

Na prática, o que acontece é que depois de um loooongo tempo, começamos nos acostumar e ter melhor ideia com as novas medidas (que na verdade, são muito é velhas) e passa a ser natural. O chato é que enquanto isso não chega, passamos por algumas situações.

-Eu queria um cabo de guitarra.
-10 pés ou maior?
-Quanto é 10 pés em metros?
-Uhhh... não sei!
-Uhhh... e eu não sei se é suficiente ou não em pés!

silêncio constrangedor!!

-Bom... (schrac, schrac, rasgando a embalagem do cabo) é esse comprimento aqui ó!
-Beleza! Vou levar.

domingo, 14 de outubro de 2012

Quebec speaks french


E vamos nós a mais um assunto polêmico, mas inevitável para quem vive no Québec: a defesa do francês.

Como vocês sabem, o Québec tem como idioma oficial o francês. Existem estudos que dizem que o francês no Québec está em declínio e até mesmo ameaçado de extinção daqui a algum tempo. Há algumas décadas atrás, os québécois que não falavam inglês ficavam excluidos de alguns serviços que não eram disponibilizados em francês.

Não precisamos nem regredir no tempo. Nos dias de hoje mesmo, ouço queixas de alguns imigrantes que disseram que quando fizeram o landing em Toronto, não tinha ninguém que falasse nem um mínimo de francês no setor de imigração. Eu cheguei aqui falando inglês bem melhor que francês, mas fiquei incomodado, por exemplo, com o atendimento da Fedex. Ele me dava a opção de serviço em francês digitando 2. Eu fazia isso e continuava tudo em inglês. Eu desligava e tentava novamente só para confirmar e sempre continuava em inglês. Até aí, nada demais para quem tem paciência suficiente para criar dois filhos. Mas quando a mulher ia confirmar meu endereço, tentava mas não conseguia pronunciar o nome da rua nem em inglês. Daí...
(soletrando rápido em inglês) bi, i, el, vi, i, di, i, ar, i -> b, e, l, v, e, d, e, r, e -> Belvédère ahhhh!!! Sim é essa avenida mesmo!
Certo, começa a ficar chato. Mas então, ela teve que dizer o endereço da Fedex em Québec para eu ir pegar a encomenda e lá vai soletrar o outro endereço! Pode ter sido azar, mas não foi o único caso que não tive a opção do francês.

E nessas situações, eu penso na pessoa que mora no lugar onde nasceu e que não sabe o que aconteceu com a sua encomenda porque a empresa que tem atuação aqui não falava o idioma oficial do local. Essa pessoa deveria falar inglês, visto que é o idioma falado pela grande maioria dos 33 milhões de canadenses, pelos 314 milhões de estadunidenses vizinhos e pelo resto do mundo que o considera como o idioma mais universal? No meu ponto de vista, sim. Mas não recrimino quem pensa que não deve ser obrigado a aprender outro idioma estando "em casa".

Por uma questão de respeito a cerca de um quarto da população canadense, a esfera federal é totalmente bilíngue (ou deveria ser). E em defesa do cidadão québécois,  o governo do Québec instituiu a lei 101 ou Charte de la langue française pelo primeiro governo do PQ em 1977. Existe até o Office québécois de la langue française (OQLF) para fiscalizar o cumprimento dessa lei, dentre outras atribuições.


Vendo por esse lado, tudo bem. Mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, tem horas que isso vira exagero.

-Ei! Por que trocaram o meu teclado?
-Trocaram TODOS os teclados da empresa!
-Por que?
-L'Orifice de la langue française!! (trocadilho de ofício com orifício)
-Não entendi! O que tem a ver um com o outro?
-Teclado em francês!
-Mas eu já usava o layout Canada français no antigo teclado.
-Não é o layout. É o teclado mesmo! As teclas enter, esc, del, alt, ...
-Estás brincando, né? Trocar todos os mais de 300 teclados por causa de umas abreviaçõezinhas que ninguém nem lê?!?!?!
-Não é brincadeira. É para ficar conforme.
Quack!!!!!!

Depois veio o comunicado de que a empresa estava seguindo os procedimentos para tirar o certificado e assim ter direito a participar de concorrências do governo e para ter reduções fiscais. Por isso, tinhamos que colocar em francês primeiro a assinatura dos emails, a mensagem de voz do telefone, todos os avisos, etc. porque haveria uma fiscalização. O fiscal conversaria com algumas pessoas e poderia até mesmo pedir para mostrar emails para ver se o funcionário estava escrevendo em francês.

Eu achei um pouco passando dos limites, visto que trabalhamos em uma empresa mundial e só a minha equipe, como exemplo, se relaciona com muita gente dos EUA, Hungria, Ucrânia e Polônia. Outra coisa ridícula é a notícia que OQLF está querendo forçar empresas como Best Buy, Costco, the Gap, Old Navy, Guess e Walmart a usarem também um nome francês. Pôxa! São nomes próprios! Se continuarem assim, vão querer que o nome inglês de mulher Stephanie vire nome francês de homem Stéphane!!!

Fazendo a ponte com a postagem do separatismo e a da volta ao poder do PQ, agora a ministra da educação da titia Pauline Barroada está falando em reduzir o ensino de inglês e aumentar o de história. A ministra diz em sua defesa que é em nome da prudência na adoção do inglês intensivo na sexta série e que deve começar o inglês normal na segunda série ao invés de na primeira para não atrapalhar o francês. Também, ensinar história do Québec é importante. A meu ver e conhecendo as ideias do PQ, vou com a oposição que acha que ela quer na verdade é reduzir o ensino de inglês em defesa do francês (que não são necessariamente opostos) e introduzir conteúdo ideológico de separatismo no ensino. Teoricamente, os profissionais de educação que deveriam ditar o conteúdo didático, mas a ministra fala sim no conteúdo que ela acha relevante. Eu me estressei com essa do PQ(ou PQP?), mas um amigo já me acalmou dizendo que para mudar isso, tem que mudar a lei e a oposição não vai deixar.

Como disse, não tenho nenhum medo de que o Québec se separe. Mas me incomoda o radicalismo e a desordem que vão causar na tentativa. Um dos motivos de termos vindo para o Québec é porque gostamos de francês. Mas não nos tirem o direito de aprender e falar inglês impondo o francês!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Outono de 2012


É o nosso terceiro outono e ainda fico embasbacado com o show de cores quentes da natureza. É para mim a estação mais bonita. Agora que a fotografia se tornou mais um hobby oficial, estou na luta para encontrar cenários bonitos e o mais complicado: oportunidade de tirar fotos com minha rotina corrida e quando o sol coopera.

Pretendo tirar mais fotos mas não queria deixar para postar somente no final da estação. Quando tiver mais, farei uma postagem complementar.

Bom outono!

domingo, 30 de setembro de 2012

Separa-tismo




Poi Zé. Essa história de separatismo estava meio de lado até o Parti Québécois voltar ao poder, partido este que foi fundado pela fusão dos principais movimentos separatistas québécois em 1968. Agora o assunto voltou à tona e enquanto agrada uns, incomoda vários outros.

Tudo começou no começo, claro! A colonização da América do Norte não hispânica começou aqui em Québec pelos franceses, que foi chamada de Nouvelle France/Nova França. Posteriormente, os ingleses dominaram os franceses depois de anos de guerras.

Para dar o tom de quão sério o assunto já chegou a ser, em 1970, o Front de Libération du Québec/Frente de liberação do Québec sequestrou e matou o ministro provincial Pierre Laporte no evento chamado Crise de outubro, que colocou o exército nas ruas de Montréal.

Fizeram um referendum em 1979 e perderam para os federalistas que tiveram cerca de 59% dos votos. Já em 1995, o segundo referendo foi mais tenso. Dessa vez, os separatistas perderam por apenas 1%.

Reza a lenda que houve um êxodo de empresas de Montréal preocupadas com a possibilidade de separação. Reza outra lenda também que o aeroporto Mirabel, o segundo de Montréal, já tinha terras desapropriadas para ser transformado no grande concentrador do país, mas o governo federal mudou para Toronto, bem como outros investimentos para "cortar as asas" do Québec e deixá-lo mais dependente. Quando digo que reza a lenda é porque eu li ou ouvi, mas não tenho nem certeza, nem a fonte.

A volta do PQ ao poder reacende as discussões e receios associados à essa tensão social histórica. Um simples simbolismo usado por esse partido na cerimônia de tomada de posse, que foi a remoção da bandeira do Canadá da sala do parlamento onde foi realizada já causou muita crítica.

Outra bandeira do PQ (juro que o jogo de palavras foi sem querer) é a defesa da língua francesa, que pretendo detalhar melhor em outra postagem. Eles pretendem reforçar a lei 101 que define que o francês é o idioma oficial que deve ser usado no estado, no ensino, trabalho, comércio, negócios, etc. Isso é mais um motivo de insegurança em um grupo social particular, que são os québécois anglófonos. Digo particular porque são uma minoria em uma província francófona de 8 milhões de habitantes, dentro de um país majoritariamente anglófono de 34 milhões de habitantes somados aos 314 milhões de vizinhos estadunidenses. São a minoria da minoria.

Sim, mas quer dizer que o Québec agora vai virar um país independente? Acho difícil. Na minha humilde opinião, o PQ vai preparar terreno para fazer outro referendo se e quando achar que tem chances. Se isso acontecer, acho difícil mas pode ser que consigam mais de 50%. A maioria já viu o prejuízo econômico que isso causaria e não simpatizam com a ideia. Vale ressaltar que o Québec recebe uma boa grana do governo federal, seu perfil de endividamento é comparável ao de países problemáticos da Europa e teria novas despesas a arcar depois de ter sua autonomia.

Mas se der maioria do "sim" no referendo, o Québec se separa, né? Não é assim tão fácil. Eles iriam negociar junto ao governo federal que obviamente não quer perder a província de maior extensão territorial, um quarto da já reduzida população do país, recursos naturais, uma via de transporte fluvial estratégica e ainda de cara deixar as províncias do Atlântico separadas do resto do país com outro país no meio. Também, 51% não é nada expressivo para uma decisão tão drástica. Para ter representatividade, teria que ser a opinião de uns 75% dos québécois a meu ver.

O que me incomoda não é a separação, mas a perturbação que o PQ vai causar na tentativa disso. Por exemplo, já vejo mais discussões enérgicas entre anglófonos e québécois nos comentários de notícias. Os analistas dizem que provavelmente a Pauline Marois vai fazer uma série de exigências de mais autonomia ao governo federal que, obviamente, vai negar. Essa negação deverá ser usada como combustível para inflamar o sentimento de necessidade de soberania.

No mais, estimam que o seu governo minoritário não dure muito porque os partidos de oposição vão se preparar e quando tiverem alguma boa oportunidade, vão pedir novas eleições e pode ser que o PQ caia novamente.

Mas se mesmo assim tudo acontecer fora do que eu prevejo e o Québec se tornar um país independente, eu tenho uma solução: imigrar para o Canadá!!! Já fizemos isso uma vez e possivelmente poderiamos fazer novamente!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Eleições, queda, separatismo e atentado


 Fiuuu!!! Deixem-me pegar ar para começar. Mas por onde eu começo sem escrever uma postagem longa como um livro? Bom, lá vai. Era uma vez...

Ontem foram as eleições provinciais do Québec. Elas são convocadas quando o primeiro ministro achar mais conveniente...para ele! Tem um prazo máximo, claro. Ainda não somos cidadãos canadenses e por isso não pudemos votar ainda (2014 vem aí!). Os québécois tinham basicamente três escolhas expressivas:

PLQ (Parti Libéral du Québec). É o partido do Jean Charest, que era o primeiro ministro há 9 anos. Eles estão atolados até os chifres em escândalos de corrupção, defendem os interesses dos grandes grupos econômicos, não se importam em devastar os recursos naturais se isso se traduzir em dólares (vide Plan Nord) e são federalistas (Canadá).

PQ (Parti Québécois). Liderado pela Pauline Marois, prega o nacionalismo (o orgulho da nação québécoise), a defesa do francês (reforçar a lei 101) e o polêmico souverainisme/separatismo.

CAQ (Coalition Avenir Québec). Fundado também pelo seu principal representante, François Legault, fundiu-se com o ADQ (Action Démocratique du Québec) e tem apenas uns 10 meses de vida. Apesar de ter umas propostas interessantes, mas com implementações esquisitas, impraticáveis e sem fundamento, seria ainda assim a minha escolha por não ter nem a corrupção do PLQ, nem o radicalismo e o perigoso separatismo do PQ.

Aqui o voto não é obrigatório, mas mesmo assim, cerca de 75% dos eleitores foram às urnas para decidir o rumo de suas vidas. Encerrada a votação às 20h00, começou imediatamente a apuração que já contava com alguns votos antecipados, já que é possível votar em alguns dias antes. As eleições são indiretas, logo, vemos em tempo real na televisão e no site a quantidade de certos ou prováveis deputados eleitos de cada partido. O partido que tiver mais deputados escolhe o seu primeiro ministro, que já é conhecido antes mesmo da curta campanha eleitoral de um mês.

A previsão era de vitória fácil do PQ, mas a tensa apuração mostrava um empate técnico entre o PLQ e o PQ. Uma hora um estava na frente, outra hora era o outro partido. Eu já estava roendo as unhas dos pés. Lentamente, a tendência se definia e acho que por volta de 22h00 eles anunciaram que não tinha mais como reverter a situação. O PQ de Pauline Marois havia ganho as eleições com um governo minoritário. Isso quer dizer que eles não obtiveram mais da metade da quantidade de deputados, mesmo se contarmos com o quarto partido que o apoia.

O texto ainda não está tão longo, né? Pois continuando...

Um pouco antes de meia-noite, eis que começa a confusão. Dois agentes de segurança pegaram a Pauline pelos braços e a levam apressadamente para fora do palco. A platéia não entendeu nada porque não sabia, mas um homem armado de um rifle e uma pistola fez ao menos dois disparos, matando uma pessoa e ferindo gravemente outra dentro do Métropolis, que era onde a Pauline estava fazendo seu discurso de vitória. Na saída, este usou algum artefato para atear fogo na parte de trás do prédio, sendo preso logo depois pela polícia. Enquanto era levado para dentro do carro, o québécois anglófono disse em francês "Les Anglais se réveillent!/Os ingleses estão se acordando!", "C'est la vengeance!/É a vingança!".

Ainda não se sabe ao certo se esse cara pretendia realmente matar a Pauline ou se tem problemas mentais, dentre outros detalhes. Mas acredita-se que foi um fato isolado que não representa a real situação da população.

Já que o CAQ era novo demais para ganhar, acabei preferindo esse resultado. O corrupto e arrogante Charest saiu do poder de forma vergonhosa. Além de seu partido ficar como segundo, este nem se reelegeu como deputado e resolveu abandonar a carreira política. A minha interpretação do resultado foi que os eleitores estavam entre rejeitar a corrupção ou o separatismo. No final das contas, dando um mandato minoritário ao PQ, ficamos com um bom compromisso entre os dois problemas. Falta agora eu falar do separatismo e da lei 101 em outras postagens.

sábado, 1 de setembro de 2012

Visitando o Brasil-Choque cultural reverso


-O sistema está fora do ar.
-Como assim?
-O sistema não está funcionando!
-Hum... E qual é a previsão de retorno?
-Não temos previsão!
-Por que não? Bom, deixe para lá. Então podemos continuar em qual outro posto do Detran?
-Se você for a outro posto, vai ter que fazer outra vistoria do carro.
-Mas eu já tenho esse documento aqui que atesta que o carro foi vistoriado. Ele está datado, carimbado e assinado, emitido pelo próprio Detran e para o próprio Detran!!! É outro posto mas do mesmo órgão!
-Mas a regra é que a vistoria só vale para os posto onde a ela foi feita.
-Mas...mas....como é que...por que? Eu não acredito! Não faz sentido nenhum! Eu vou passar o dia e a noite só para pegar uma segunda via de um documento de transferência!!! Tabernak!

Esse foi um dos vários absurdos que me surpreenderam durante as duas semanas que passamos de férias em Fortaleza, após dois anos e meio morando aqui no Canadá. Uma parte foi apenas relembrar que essas loucuras existem, mas outras foram novidade mesmo que extrapolaram o meu conhecimento.

Eu não sou de ficar detonando sistematicamente o Brasil, até porque sei que tem gente que se sente ofendido com isso e outros que veem como esnobismo. Mas como uma das finalidades de um blog de imigração é relatar as experiências que passamos, e o retorno ao país de origem é uma delas que é importante de ser descrita, sou obrigado a contar como me senti. Se você não gosta de críticas ao Brasil, recomendo parar por aqui

Começou logo no aeroporto, quando ao invés de recebermos bilhetes de voo em papel mais grosso e de tamanho padronizado como em todo o resto do mundo, recebemos somente uns papeizinhos parecidos com cupons fiscais que se amassam e rasgam muito facilmente. Economia de palito de fósforo considerando-se quanto pagamos pelas passagens.

 Eu sempre pensei que um estrangeiro chegando aqui se esbaldaria por causa da moeda forte, achando tudo muito barato. De fato, tem coisas que custam menos mesmo, principalmente as que dependem de mão de obra. Mas mesmo vindo com a taxa de um dólar para dois reais, achei algumas coisas proibitivamente caras. Com pouco menos de 120$ para dois adultos e duas crianças, nos divertimos muito no parque aquático Village Vacances Valcartier aqui pertinho. Já no Beach Park de Fortaleza, nos custaria a bagatela de 270$, que é mais que o dobro. Vetado instantaneamente!

O trânsito é um capítulo à parte que vou tentar resumir para não ser ainda mais chato. Quando imigramos, já tinha muito congestionamento e a educação dos motoristas era digna de um homem das cavernas. Em apenas dois anos e meio, percebemos nitidamente que a quantidade de carros aumentou expressivamente e não houve quase nenhuma mudança na malha viária, a não ser muitas ruas fechadas por obras. Segundo esse artigo, a frota de Fortaleza duplicou de 2002 a 2012 e só no mês de julho, teve um incremento de 6.554 veículos. Planejamento, zero! Ação, zero! E vem aí a copa do mundo de 2014!!!

Tem partes da cidade onde não existe mais o conceito de horário de pico, porque cedinho da manhã já estão congestionadas e permanecem assim até por volta das 21h00. Quando paramos nos engarrafamentos, passa um enxame de motos por todos os espaços possíveis e impossíveis. Uma rua de duas faixas em Fortaleza tem na verdade, 5 vias. O padrão é calçada, moto, carro, moto, carro, moto, calçada, lembrando que também tem motos que andam sobre a calçada. Eu prestava muita atenção porque não raramente, tem delas que cruza a frente do carro abruptamente para dobrar em uma rua de forma que se não freiarmos, passamos por cima. Vi até um louco que pegou a contra-mão em uma avenida movimentada! Mas como pedestre, estava pensando como aqui onde nunca uma moto passa entre carros e por muito pouco, uma que vinha até rápido por entre os carros parados quase me atropelou. Via batida de carros quase todo dia e perto de voltarmos, bateram no carro do meu pai. Não poderia ser diferente! Não cabe tanto carro! Por causa dos muros, os carros não têm boa visão e avançam um pouco nos cruzamentos, o que me dava muitos sustos. É como os revestimentos fumé mais escuros dos carros: mais segurança contra roubos e menos segurança no trânsito.

Prometo que é o último grunido rabugento que faço sobre o trânsito. Estava em uma avenida cujo trânsito estava alternando entre parado e se arrastando como lesma com câimbra. Em uma rua perpendicular, podiamos ver uma fila longa de carros aguardando a oportunidade rara para conseguir entrar na avenida. Quando o motorista de trás percebeu que eu estava começando a deixar espaço do carro da frente para dar a vez a um dos carros da rua perpendicular, começou a buzinar e piscar os faróis repetida e insistentemente. Câlice!!! Não se pode nem dar a vez a um carro que vem um idiota encher o saco! Em Fortaleza é típico alguém buzinar assim que o sinal fica verde, não deixando tempo nem da luz viajar do semáforo aos nossos olhos. Pior que é só para perturbar mesmo, porque normalmente essas pessoa saem mais lentamente que o carro da frente.

Já que é para detonar mesmo, agora vou comprar inimigos no atacado. A Rede Globo continua sendo a fonte oficial de """""cultura""""" brasileira, fornecendo nas novelas as Carminhas, Ninas, empreguetes, "Oi oi oi...", "Eu quero tchu...", etc. Como o futebol, a novela ainda é uma mania nacional. Vale a pena ler um pouquinho sobre Chomsky para entender o porquê da minha crítica. Ele explica como as massas são manipuladas pela mídia através desse tipo de recurso, dentre outros que vemos serem empregados de forma muito competente no Brasil.

Não estou dizendo que não existe cultura no Brasil. Pelo contrário. Por exemplo, foi bom rever os talentosos os músicos de bar com suas versões violão e voz, ao invés de ouvir o Michel Teló até quando estive na Polônia. Acreditem: um colega polonês cantou a letra toda do "Ai se eu te pego" em português bem explicado! "Ahh! Você é brasileiro? Então deve gostar dessa música...". Não! Eu detesto! Vá conhecer Bossa Nova, MPB, etc.

Bom, chega de estresse! Já passou mesmo! O importante é que é sempre bom rever a família e amigos depois de tanto tempo. Também foi bem forte a validação da nossa decisão de imigrar e que fizemos uma boa escolha. Não tenho nenhuma dúvida e não me arrependo nem um segundo. A Mônica e as crianças também pensam assim e de retorno, nos sentimos muito bem voltando não somente para o nosso lar, como também para a nossa cidade. Sim! Foram só dois anos e meio mas apesar do idioma, nos sentimos a vontade como nosso lar aqui e Fortaleza agora passou a ser uma cidade de turismo.

domingo, 26 de agosto de 2012

Visitando o Brasil-A viagem de ida


Depois de dois anos e meio vivendo em terras nórdicas, fomos finalmente a Fortaleza, nossa terra natal, visitar a família e amigos nesse mês de agosto. Os quase 500$ que pagamos pelos 4 vistos deram um retorno econômico bem interessante. Compramos as 4 passagens em fevereiro pela United Airlines por 6.000$, enquanto que para o mesmo período pela Air Canada, esse custo subiria para 9.000$. Pas pire/nada mal como economia. O outro benefício foi reduzir o tempo total de 24 horas para algo entre 21 e 22 horas. Poderia ser 21 mas uma das conexões ficaria com tempo muito curto e arriscado.

No nosso pequeno mas aconchegante aeroporto de Québec chamado Jean Lesage, temos uma área de lazer para crianças com mini-escorregador, piso macio de E.V.A., pista de montar com carrinhos, fogãozinho e outros brinquedos. Não tenho certeza absoluta, mas acho que também tem wifi aberta e gratuita.

Chegando no aeroporto Newark, em Nova York (na verdade, em Nova Jersey), passamos pelos vários postos e etapas, com direito a coleta de impressões digitais e passar descalço, mesmo que não tenha nada metálico nos sapatos. Curiosamente, tinha um pombo andando pelo meio das pessoas de uma fila em pleno aeroporto estadunidense. Alguém pode ter a brilhante ideia de mandar um pombo-bomba que ele terá acesso privilegiado! Gruu... gruu... CABOOM!!! Lá, vi wifi somente pago. Uma coisa interessante é a aparente flexibilidade de idiomas dos atendentes. Teve deles que começou o diálogo em espanhol, mas mudou para o inglês quando viu que era a minha escolha. Inclusive, tudo é escrito em inglês e espanhol. Outra atendente ouviu a Mônica falando em francês com as crianças e começou a falar em francês conosco. O mais legal foi um que dava as direções segundo o caso específico de cada um. Quando respondemos sua perguntou de para onde iríamos, disse em português com sotaque: -Beleza! Bom dia! Muito obrigado!

O interessante mesmo foi quando chegamos ao terminal de embarque do voo para Guarulhos. Pela primeira vez em todo esse tempo, ouvimos muitos brasileiros desconhecidos falando em português. O primeiro impacto que tive foi a perda de privacidade. Em Québec posso dizer, por exemplo, para o Davi não perturbar as pessoas em português, que é o idioma que uso sempre para falar com ele, que elas não entendem. Quando disse para a Mônica trocar de cadeira com o Davi para ele não chutar acidentalmente a perna da moça em frente, ela fez uma cara de que não tinha problema. Também foi a primeira vez nesse tempo todo que ouvimos um anúncio de som em português.

Durante o voo longo e cansativo, uma aeromulher (não tinha idade para aeromoça) era brasileira e falava em português. As demais eram estadunidenses e falavam somente inglês. O cara que dava os avisos pelo som em português tinha um sotaque esquisito e cometia uns erros curiosos que dava a oportunidade de perceber mais ou menos como os outros me ouvem quando falo em francês ou inglês. Graças à almofada inflável de pescoço, pude pela primeira vez dar uns cochilos durante voos, o que aliviou um pouco o cansaço.

Meu primeiro contato com um brasileiro na chegada do aeroporto em Guarulhos foi frustrante. Nem no Brasil e em português estou livre de problemas de comunicação! O cara saiu com um grotesco:

-Judagabagash?
Não decodifiquei nem mesmo qual o idioma nessa primeira vez.
-Desculpe?
-Judagabagash?
Dessa vez eu percebi que era português mas ainda não tinha entendido absolutamente nada.
-Como?
-Judagabagash?
Hum...AHH!!! Ele deve ter dito: "Quer ajuda com a bagagem?". Nada de gentileza e sim serviço pago, claro!
-Não, obrigado!

Que tenha wifi gratuito ou pago, tudo bem. Mas o que me incomodou foi ver muita propaganda de wifi gratuito pela Infraero e nenhuma das redes funcionava. De cara logo, já dava um erro quando tentava acessar qualquer uma das duas. Depois percebi que elas tinham um sufixo da empresa Tim e de outra. A meu ver, não por coincidência, cada uma dessas empresas tinha sua própria rede wifi para seus clientes. Posso estar cometendo uma injustiça, mas acho que é um esquema somente de marketing para dizer que tem, mas não foi feito para não funcionar mesmo.

Em Fortaleza foi só alegria! Final da maratona de 22 horas e o reencontro com pais, irmãos e o primão Adney com sua família. Este inclusive, é da família quem mais curte a nossa imigração pela nossa felicidade. Chegando na casa dos meus pais, mais gente da família foi nos receber, com muita demonstração de carinho.
-Está aqui um carro para você fazer o que quiser com ele, ir para onde quiser, quando quiser. Fique com ele o tempo que vocês passarem aqui que será um prazer para mim. Disse o primo. Olhe, não sei nem como agradecer tanta gentileza de todo mundo!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Portas fechadas e janelas pequenas


Dessa vez as portas da imigração foram fechadas, mesmo que temporariamente. Dizem que o backlog/fila já está grande demais para continuar crescendo, por isso o caráter temporário da medida. Era uma tendência previsível e desesperadora para quem sonha em vir morar aqui. Diante disso, o que resta a fazer é estudar as alternativas e ver se alguma delas é viável.

Ao contrário do processo federal, o congelamento do processo do Québec não foi total. Mas ao que parece, o que escapou não é viável para a maioria. A interpretação da medida causou confusão. Para mais detalhes, veja esse documento.

Antes de discutir as possíveis alternativas, gostaria de fazer a minha interpretação do que tenho ouvido e lido do governo em relação a política de imigração por esse tempo que estive aqui.

Para eles, o processo atual é muito ineficiente comparado ao de outros países que também têm necessidade de imigrantes. Estudos mostram que fatores como o domínio do(s) idioma(s), idade e a experiência afetam a propensão do imigrante a ser bem ou mal sucedido. Então, ao invés de continuar com um fluxo grande de candidatos a serem processados, custando caro e congestionando a fila, deveriam ser mais seletivos e trabalhar com menos candidatos e que são melhores.

Outro problema é que existe uma etapa intermediária que causa distorções entre o que o mercado precisa e o que o governo está provendo como mão de obra imigrante. O sistema atual cria uma lista de profissões que são de alta demanda, mas não leva em consideração alguns aspectos. Por exemplo, se a profissão é regulamentada e exige demais para que o profissional esteja em condição legal para exercê-la.

Uma solução é ter a ligação direta entre a empresa e o candidato. Esse processo já existe há alguns anos e o governo disse querer que seja intensificado. Um exemplo disso são as missões de Québec. O prefeito incentivou empresas de TI a virem se estabelecer aqui em Québec. Para suprir a demanda de mão de obra, criaram uma instituição chamada Québec International. Eles faziam missões em países francófonos e agora estão fazendo também no Brasil depois do sucesso da primeira. Muitos dos que foram contratados nessa primeira missão já estão aqui trabalhando com visto temporário e deverão pleitear o visto de residente permanente na categoria de Experiência Canadense. Parece que Alberta está começando a investir nessa modalidade também. Infelizmente, essa modalidade é tão restrita que nem mesmo certas carreiras da área de TI são autorizadas pelo governo a terem um visto de trabalho temporário. É algo bem específico mesmo.

Algumas pessoas da lista Canada Immigration Brazil têm relatado suas experiências na modalidade self-employed. É restrita, demorada e parece que depende da capacidade do candidato de demonstrar que tem uma contribuição útil e relevante ao país.

Existe o processo de Manitoba, descrito nessa postagem mas até o momento, não tive notícia de ninguém que tenha tentado essa alternativa.

Outra possibilidade é a de fazer algum estudo pós-secundário em algum curso que permita que o cônjuge receba um visto de trabalho temporário aberto a qualquer emprego. Depois do prazo mínimo, esses entrariam também pela categoria de Experiência Canadense. Conheço casais que fizeram isso para antecipar a vinda enquando terminavam o processo do visto de residente permanente pela modalidade skilled worker. O problema dessa via é que o estudo não tem nem o custo subsidiado do Québec, nem mesmo o de canadense. Para estudante estrangeiro, o custo é mais alto. Mas se o cônjuge conseguir um bom trabalho, pode ser que o orçamento se equalize.

E também, existe sempre a possibilidade de conseguir um emprego direto com alguma empresa que "patrocinaria" o visto de trabalho temporário. Isso é o que muitos procuram, mas é complicado. A empresa tem que tem uma necessidade extrema para recrutar, ir atrás de saber como obter o visto, pagar, esperar ao menos 4 meses e pegar alguém que normalmente não domina o idioma e nem se pode ao certo confirmar se os dados do CV são verdadeiros. É bem mais fácil contratar algum nativo, desde que não esteja em alta escassez.

Possivelmente existam outras formas de se imigrar para cá. Eu não estudo esse assunto e o que listo aqui é apenas o que vejo por alto, portanto, nem mesmo confiem no que digo . O ideal mesmo é ir direto à fonte como, por exemplo, o site do Citoyenneté et immigration Canada/Citzenship and Immigration Canada. No mais, se estiver realmente difícil vir para cá, já pensaste em ir para a Austrália? Eu cheguei a analisar essa possibilidade mas desisti porque lá não tem o inverno daqui e só falam um idioma! Metade brincadeira, mas metade verdade mesmo!

domingo, 5 de agosto de 2012

Conhecendo o Canadá



Descobri esse vídeo muito interessante que mostra um pouco de cada província e território do Canadá. Tem muitas coisas bonitas e interessantes para serem vistas por aqui. Ainda não conhecemos quase nada, mas temos tempo para viajar e conhecê-lo melhor.

http://www.youtube.com/watch?v=BbCM0rZuBbw&feature=share

domingo, 29 de julho de 2012

Conhecendo o Québec pela arte


Também ainda não havia contado que gosto de fotografia. Não sou lá um artista, mas estou procurando aprender. Nesse aprendizado, acabei topando por acaso com material de excelentes fotógrafos québécois.

A fotografia, ainda que bem amadora, começou como hobby para mim quando cheguei aqui e queria registrar tudo para o blog e para posterioridade. Não precisei gastar muita massa cinzenta para perceber que seria interessante deixar que os profissionais mostrassem a vida aqui de Québec, do Québec, do Canadá e da América do Norte a vocês leitores.

Não são fotos de blogueiros, claro. Mas dá para conhecer a beleza da natureza daqui em cada estação, a arquitetura, o lazer, os esportes, as fisionomias das pessoas, na seção de espetáculo do Michel, podemos ver que tem muito metaleiro aqui em Québec, as atrações turísticas, e muito mais para quem gosta de "respirar" a vida à distância.

Quem sabe um dia eu chego lá.

http://michelemond.com

http://www.mathieudupuis.com

terça-feira, 24 de julho de 2012

Os 12 mandamentos do turista/imigrante brasileiro no Canadá


 Os doze mandamentos do turista (ou imigrante) brasileiro no Canadá:

1. Seja pontual

Não é mito: No Canadá as pessoas são pontuais e esperam que você também seja. Pequenos atrasos são toleráveis, mas lembre-se de sempre avisar com antecedência. Os horários encontrados nos pontos de ônibus sao realmente cumpridos

2. Usarás “excuse me”, “sorry”, “please” e “thank you” à exaustão

E ouvirás bastante também. Os Canadenses podem não ser o povo mais caloroso do mundo, mas são extremamente educados e prestativos. Não custa nada retribuir com um pouco de gentileza.

3. Evitarás abraçar estranhos

Achou estranho esse mandamento? Por aqui as pessoas não estão acostumadas a ter contato físico com quem não se tem intimidade. Ao ser apresentado a alguém, um aperto de mão é uma opção segura para evitar constrangimentos.

4. Tomarás cuidado com teus pertences

Não se iluda: pequenos furtos também acontecem no Canada, principalmente nas academias.

5. No verão saia sempre com uma garrafa de água, principalmente se estiver em Toronto, Montreal e região. Em alguns períodos a sensação térmica pode chegar a 48 graus

6. Usarás o transporte público

No Canadá, faça como os canadenses. Use e abuse do eficiente sistema de transporte público. O metrô é parte importante das cidades.

7.Estando em Toronto evite insistir com o garçon para que sirva bebida alcoolica apos as 2 da manhã. Isso é a lei. Das 2 da manhã em diante o alcool é proibido na cidade. Se você fizer confusão vão chamar a polícia.

8. Não tentarás usar o jeitinho brasileiro

E se tentar, mas não se surpreenda com a resposta negativa. Com raras exceções, aqui não há espaço para improviso ou quebra de regras. Em hipótese alguma tente subornar um policial no Canadá. Aliás, por favor, não faça isso também no Brasil.

9. Aproveite a viagem para se despir da homofobia e preconceitos. O Canadá foi um dos primeiros países do mundo a instituir o casamento gay e você vai ver que as ruas estão cheias de casais do mesmo sexo. Também vai conviver com milhares de culturas diferentes. Vai ver desde pessoas semi nuas a mulheres usando burca. Nao se surpreenda se o caixa do banco tiver uma tatuagem no rosto. Também entenda que se um gay te paquerar você nao pode bater nele. Paquerar alguém é direito de todos. Aceitar ficar com ele ou não é com você mas ser violento ou agressivo é contra a lei, e no Canadá a lei é aplicada. Acredite.

10.Nas baladas nao pense que aquela menina dançando de forma sexy vão ficar e transar com você. As canadense dançam de forma ate erotica mas isso nao te da o direito a toca-las. Se você imaginar que estar no Brasil e que pode sair pegando na bunda das meninas nao se surpreenda se acabar jogado na rua pelos seguranças da casa, ou até mesmo ser levado pela polícia. Aliás, por favor, não faça isso também no Brasil. Nada pior do que um babaca se achando o gostoso do lugar. Respeite as meninas.

11. Dê gorjetas. Receber ao menos 10% do valor da conta é esperado pela maioria dos profissionais de bares e restaurantes do país. Evite confirmar a má fama dos brasileiros. E na balada, sempre que voce for pegar uma bebida, deixe 1 dolar no balcão. Estando no Canadá faça como os canadense. Se adapte.

12. Não falarás barbaridades em português pelas ruas

Não se engane, há brasileiros e lusófonos por todas as partes, sejam turistas ou residentes. Portanto, não diga nada em público que você não diria no Brasil.

(Materia da Revista Veja sobre Londres. Adaptada e perfeitamente aplicável ao Canadá)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Festival d'été 2012 - Aerosmith



O show do Aerosmith no começo corria risco de furar. A voz do Steven Tyler poderia não estar boa para o show por falta de repouso suficiente depois do show que antecedia o Festival d'été. Mas os organizadores do evento mudaram as datas e disseram que tudo estaria sob controle. Lembrei-me logo da falta de agudos do Jon Bon Jovi que foi comentado até pelas cabeleireiras quando estavam cortando o meu cabelo. "Não foram só vocês músicos que notaram! Todo mundo percebeu!", disse uma. Mas o caso do Bon Jovi é crônico e não agudo (que trocadilho infame!).


Mas ao contrário dos meus receios, o cara mandou ver bem durante todo o show. Mesmo não tendo músicas que gosto tanto quanto as boas do Bon Jovi, o Aerosmith mostrou uma consistência e homogeneidade do começo ao fim. Nada mal para uma banda que está na estrada há QUARENTA E DOIS ANOS!!!!!

O baterista fez um solo de duração considerável que por um lado agradou o público, mas percebi nitidamente um cheiro de Neil Peart (baterista do trio canadense Rush) no ar. Faz de conta que não vi, ou não ouvi.

Mais uma vez utilisei a estratégia de quem não quer se desgastar muito e ainda apreciar o espetáculo. Chego perto da hora do show e fico perto do telão grande mais longe do palco. De qualquer forma, quem não fica bem perto do palco acaba vendo somente formiguinhas tocando. E assim ainda fico perto do ponto de venda de cerveja, dos banheiros e nem fica muito cheio de gente. Perfeito: entra cerveja, sai cerveja.

Não deu certo para eu ir ao show do The Offspring, que parece que foi muito bom. Mas é o terceiro Festival d'été que participo que vale muito a pena, principalmente considerando que 50 ou 65$ de ingresso para os 11 dias é muuuuito barato.

Este foi o set list:
  1. Draw the Line
  2. Love in an Elevator
  3. Falling in Love (is Hard on the Knees)
  4. Livin' on the Edge
  5. Jaded
  6. Oh Yeah
  7. Last Child
  8. Drum Solo
  9. Rag Doll
  10. Combination
  11. What It Takes
  12. Legendary Child
  13. No More No More
  14. Sweet Emotion
  15. Walk This Way
  16. Encore:
  17. Dream On
  18. Train Kept A-Rollin'

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Festival d'été 2012 - Bon Jovi



Acho que ainda não falei aqui, mas eu tenho uma banda. Na verdade, eu tento ser guitarrista e até tenho uma guitarra em casa, mas como o baixista tem uma bateria e faltava alguém para tocar nela, fui preencher a vaga. Não sou lá o melhor baterista do mundo, mas dou minhas cacetadas.

Comecei a postagem falando isso para dizer que por tocar em uma banda de rock, o Festival d'été para mim é mais interessante ainda. Também citei porque uma música do repertório da banda, que inclusive tocamos em uma festa brasileira, é do Bon Jovi. Se chama "You give love a bad name".

Nada mais lógico que eu ir conferir ao vivo a banda que fez sucesso durante minha adolescência nos anos 80. O local do show estava lotado, mas não tinha a seção F que fica atrás do palco como nos shows dos anos passados que chegaram a ter 130.000 pessoas. Inclusive, aconteceu de fecharem as entradas e alguns terem ficado de fora, o que eu não sabia que poderia acontecer. De qualquer forma, cheguei cerca de meia hora antes do show e entrei.

Esse foi o set list:
  1. Raise Your Hands
  2. You Give Love a Bad Name
  3. Born to Be My Baby
  4. We Weren't Born to Follow
  5. Lost Highway
  6. It's My Life
  7. Captain Crash & the Beauty Queen From Mars
  8. Runaway
  9. I'll Be There For You
  10. Wanted Dead or Alive
    (with Happy Birthday (sung to Richie))
  11. Keep the Faith
  12. We Got It Goin' On
  13. Have a Nice Day
  14. Someday I'll Be Saturday Night
  15. Who Says You Can't Go Home
  16. Bad Medicine / Old Time Rock & Roll / Shout
  17. Encore:
  18. In These Arms
  19. I'll Sleep When I'm Dead
  20. Livin' on a Prayer
  21. Encore 2:
  22. I Love This Town
Tem músicas nessa lista que eu gosto muito, mas tem uma boa parte que eu particularmente achei meio sem graça, como que para preencher álbum. Com três décadas de carreira, acho que eles poderiam preencher duas horas e meia com mais músicas empolgantes. E não é porque eu não conhecia muitas delas porque "Raise Your Hands", por exemplo, eu nunca tinha ouvido e gostei.

Como banda, eles ainda tocam muito bem. O Jon Bon Jovi perdeu um pouco dos agudos de forma que ele deixa de cantar algumas partes e faz careta em outras. Eu conseguia cantar o que ele cantava sem fazer caretas. Vale ressaltar que a mulherada deve achá-lo fazendo careta muito mais bonito que eu fazendo pose! Uma delas laçou-o com uma espécie de cachecol e papocou um beijo na boca dele. Não foi tão forçado assim. Acho que ele deixou.

O Richie Sambora, guitarrista, continua tocando muito bem. Ele foi mais um dos vários que me fizeram continuar brigando com a guitarra durante todos esses anos. De quebra, ao contrário do "João Bom Jovem", continua com os agudos que tinha e que segura a peteca dos vocais.

Enfim, foi bom e coloquei mais uma banda que gosto na minha lista das eu-vi-antes-de-acabarem. Mas se eu conhecesse o set list e condensassem as que eu gosto durante primeira hora, eu voltaria para casa mais cedo para dormir.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Estados Unidos do Paraguai do Norte


Aqui no Canadá nós temos algumas opções de viagens para conhecer os países vizinhos. Temos a Groelândia, que pertence à Dinamarca (vocês sabiam?), a Rússia se conseguirmos passar pelo Polo Norte, e a França pelas ilhas de Saint-Pierre-et-Miquelon. Sobrou uma opção viável para ir de carro que é os Estados Unidos, logo...

Da primeira vez que fomos para lá, escolhemos a cidade mais próxima que é Plattsburgh (estado de New York). Fica a uns 340Km e 4 horas de Québec e 100Km e 1 hora e 20 minutos de Montréal. Mentira grande! Dependendo da hora, temos que somar um bom tempo (porque bom? deveríamos dizer mau tempo!) por causa da fila na fronteira. Pense que uma hora de espera não é difícil de acontecer. Quando chegamos na guarita e pensamos que vamos continuar a viagem, a tia da cabine diz que temos que ir para a segunda etapa no prédio.

Nesse prédio, também tem fila, mas chamam pelo nome. Se tiveres um nome difícil de ser pronunciado em inglês, é bom ficar atento. Na terceira chamada o tom de voz é menos delicado! Aviso importante 1: Se não formos voltar no mesmo dia, temos que fornecer o endereço de onde vamos ficar. Aviso importante 2: Temos que pagar a taxa do danado do formulário i-94 que como somos quatro, custou 24$. E como não tínhamos dólares americanos, foi no cartão de crédito. Descobrimos que a tarja magnética dele está causando problemas de leitura, mas por sorte temos outro e deu certo. Me lembrem de falar mais sobre o safado do i-94, certo?

Passada a fronteira, rapidinho chegamos em Plattsburgh. Ela é uma cidade pequena, porém miúda! O que tem de interessante lá? Um shopping para comprar muambas, digo, mercadorias e um restaurante que tem um sirloin/surlonge (uma peça que inclui a picanha e outro corte) bem gostoso. Xii!!! Qual é mesmo o nome desse restaurante?

Falando de muambas, se voltarmos no mesmo dia, não temos isenção de impostos. A partir de um dia, temos direito a um valor sem pagar impostos. No momento está de 200$ por pessoa para um dia. Não sei como a escala progride com mais dias mas crianças também contam. Aviso importante 3: Chegue no posto de fronteira canadense com o total já calculado. Não sabia e o cara não gostou da minha desenvoltura como contador. Também, o valor dos impostos mudam de acordo com critérios nada claros e não divulgados. Um deles é o tipo de produto. Tem coisas que têm o mesmo preço lá e cá como o iPhone mas acaba saindo mais caro se pagarmos impostos estadunidenses e canadenses. Mas o dvd player com tela dupla para carro que compramos (uma maravilha para viajar com crianças!) custou com todos impostos uns 150$ enquanto que aqui custava pelo menos 220$.

A segunda cidade mais próxima é Burlington (estado de Vermont), mas me disseram que também não é lá mais interessante que Plattsburgh. O que mais vale a pena depois dessas duas parece ser Lake George (estado de New York) que fica a uns 510Km e 5 horas e 40 minutos de Québec e 270Km e 3 horas de Montréal com aquele adicionalzinho já comentado.

E o que tem lá? Tem um parque com montanha russa, outro brinquedo radical, passeio de barco e outros. Pagamos 18$ de estacionamento mas entramos com o passe de estação do La Ronde de Montréal. Também tem uma praia de lago que nem chegamos a ver porque dedicamos muito tempo para outro atrativo da cidade. Qual? Outlets! O paraíso das mulheres e desespero dos maridos. Tem uma área da cidade que tem um tráfego considerável de carros por ser a região onde se concentram os outlets de marcas como Guess, Tommy e muitas outras que não me lembro. Às vezes os preços nem são tão mais baratos que comprar aqui, mas como era feriadão do Canada Day (ou dia da mudança), tinham uns descontos loucos. Uma sandália de 60$ estava com desconto de 50% e para homens naquele dia, tinha outro desconto. Saiu por 20$. Agora vocês entendem o porquê do nome da postagem, né?

Voltando ao bonitinho do formulário i-94, este é pago e grampeado no passaporte ao entrarmos nos EUA. Ele tem validade por 6 meses. Caso voltemos de avião, eles têm o registro da nossa saída. Mas quando voltamos de carro, eles dizem que não têm como saber que deixamos o país (o que eu duvido). Por isso, temos que devolver o lindinho do i-94 a uma autoridade canadense na fronteira ou em um aeroporto, mas não sei se em qualquer um funciona.

Como não devolvemos em 6 meses (lembrei-me com 7 dias de atraso), tive que mandar uns documentos provando que cada um de nós estava aqui e não lá durante esse tempo. Foram comprovantes das empresas onde eu e onde a Mônica trabalha, um da escola da Lara e um da garderie/creche-escola do Davi. O detalhe é que tem que ser em inglês. Essa página detalha o assunto.

Quando formos mais longe como a Portland, Boston ou New York City, eu escreverei outra postagem com mais informações. Ahh!! Na volta, não deixe de encher o tanque em Plattsburgh a 0,94$/litro ao invés de 1,26$/litro que é o preço atual da gasolina aqui em Québec/Montréal!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Manifestação dos estudantes


Tudo começou quando o governo do primeiro ministro do Québec, Jean Charest, anunciou o orçamento da província. Este incluia um aumento de 75% das taxas escolares do ensino pós-secundário, que é o mais barato de todo o Canadá. Os estudantes não gostaram e foram às ruas protestar.

Em geral as manifestações são pacíficas, mas houveram casos de vandalismo e confrontos com a polícia. Pelo simples fato de estarem ocupando as ruas de Montréal, isso já atrapalha o trânsito mas chegaram a bloquear vias de pontes, que causa um congestionamento ainda maior. O caso mais extremo foi quando colocaram bombas de fumaça em algumas estações do metrô que causou sua paralização completa da rede. Os culpados foram identificados, presos e liberados mediante pesadas multas. Aqui em Québec, as manifestações foram muito reduzidas e só o que chegou a aparecer com ais ênfase na imprensa foi quando colocaram algo na água da fonte que fica em frente ao parlamento para deixá-la vermelha.

O governo tentou algumas fórmulas para gerenciar a crise, mas só o que conseguiu foi agravá-la. Começou tentando ignorá-la para ver se passava e percebeu que deveria negociar, mas viamos que a ideia era resolver o problema sem ceder nada. Ofereceram empréstimos, o que não satisfez os estudantes. Depois, pegou a ideia destes de cortar algumas partes do orçamento das universidades que eram vistos por eles como desperdícios e reverter esses recursos em abatimento do aumento. O problema era a forma pela qual isso seria implementado: uma comissão de 19 pessoas, das quais apenas 4 estudantes, analisaria os orçamentos da instituições de ensino pós-secundária para encontrar esses eventuais itens que poderiam ser economizados. O problema é que não existia garantia nenhuma de que isso pudesse acontecer e os estudantes interpretaram isso como uma tentativa do governo de ludibriá-los.

Ainda mais enfurecidos, os estudantes reforçaram as manifestações, o que fez com que a ministra provincial da educação pedisse demissão do cargo e abdicasse da sua função de deputada. Charest, por sua vez, tentou ser ainda mais linha dura tentando resolver o impasse com a criação da polêmica lei 78. Esta determina a suspenção temporária das aulas e impõe uma série de regras e restrições em relação às manifestações. Por ela, uma manifestação com mais de 50 pessoas tem que ter seu trajeto, horário e duração enviados à polícia com antecedência mínima de 8 horas, sujeita a aprovação. Caso fujam desses parâmetros, a manifestação é considerada ilegal, os manifestantes podem ser presos e terão que pagar entre 1.000 e 5.000$, ou mesmo entre 7.000 e 35.000$ caso seja um líder estudantil ou de uma união.

Foi como jogar gasolina para apagar a fogueira. Houveram manifestações bem violentas, comfrontação com a polícia madrugada a dentro e 308 prisões em uma só virada de noite. As redes de televisão estavam cobrindo o evento o tempo todo. O grupo estudantil C.L.A.S.S.E. ousadamente conclamou os estudantes à desobediência civil à lei 78, oferecendo suporte financeiro e político aos que fossem presos por infringi-la. Em pouco tempo, começaram a prender em Montréal, Québec e Sherbrook  pessoas sob essa nova lei mas ainda não se sabe como vai ser a aplicação das penas, visto que são bem pesadas e é muito cedo para que tenham diretrizes de como usá-la. Ouvi no rádio de que poderiam enquadar os presos como simples contravenção ao código de trânsito ao invés desta.

Passados mais de 100 dias de manifestação, agora esta toma novas formas como o mouvement des casseroles/movimento das panelas que causa um barulhão pelas ruas de Montréal, com adesão de crianças, adultos e idosos que nem mesmo são estudantes. Também começaram manifestações de solidariedade em Nova York e Paris. A reivindicação original de cancelamento das altas das taxas escolares deu lugar a uma causa difusa que adiciona, por exemplo, o desejo de um ensino pós-secundário totalmente gratuito como o da Finlandia, o protesto contra a corrupção do governo Charest e os grandes grupos econômicos internacionais sendo beneficiados na exploração de recursos naturais do Plan Nord/Plano Norte, com consideráveis prejuízos ao meio ambiente.

No presente momento, o governo começa a falar em voltar a negociar com os grupos estudantis. A pressão está ficando cada vez mais forte porque o verão está chegando e esse caos em Montréal é extremamente prejudicial à sua imagem internacional, sobretudo do turismo. Imagino o estrago que pode haver se a crise continuar até a data da fórmula 1.

Sem dúvida esse desenrolar de eventos vai ter repercussões sociais e políticas na história do Québec. Nunca houveram manifestações com centenas de milhares de pessoas nas ruas como estão acontecendo e durante um período tão longo. A população está dividida entre a favor e contra, porque ambos os lados têm pontos de vista válidos. Espero as partes começem a entrar em consenso para que uma solução apareça e dê fim aos inconvenientes causados à população.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Montréal - Parc La Ronde

La Ronde é um parque de diversões que fica em uma ilhota vizinha à de Montréal, onde ficam também o Parc Jean-Drapeau e a Biosphère. O parque é bem grande e tem diversão para todas as idades...ou quase todas. É um programa para passar boas horas ou até mesmo o dia todo, principalmente se quiserem conhecer as atrações mais concorridas e exercitar a democracia nas longas filas. Como era o dia que prometia ser o último de temperatura quente antes do outono tomar ares de inverno, a fila começou mesmo antes de chegarmos na ponte Jacques-Cartier, que passa pela ilhota.

Mas descontando esse inconveniente, fui em uma montanha russa super radical chamada Vampire. Como podem ver nessa página, as cadeiras ficam suspensas por cima e em baixo é aberto. Ele faz uns mergulhos em loop que são de tirar o fôlego. Nos primeiros, eu via o monotrilho e dizia para mim mesmo: estás de brincadeira, né? Ele não vai fazer isso, vai? Recomendo ir ao banheiro antes e de preferência, de barriga vazia!

Tem um trem que dá uma volta grande no parque todo em trilhos altos. Graças a ele, pude filmar muito do parque e colocar nesse vídeo. Por falar em vídeo, a primeira parte dele foi gravada em um passeio de barco. Este foi feito especialmente para poder navegar na parte rasa do rio Saint-Laurent. O passeio nos dá uma visão privilegiada dessa parte de Montréal e a guia conta um pouco da sua história, falando em francês e repetindo em inglês, claro!

Esses foram dois programas que nossos amigos Tarcizo e Priscila nos levaram e que gostamos muito. Inclusive, compramos o passe do La Ronde que dava direito ao final do outono do ano passado e a primavera-verão-outono desse ano. Valeu Tarcizo e Priscila!

Fiquem ao som da québécoise Marie-Mai, com a participação da banda Simple Plan para dar o tom bilíngue da metrópole multicultural.



domingo, 22 de abril de 2012

Montréal - Biodome

Finalmente tive a oportunidade de chegar nas postagens de turismo em Montréal que estavam pendentes na fila há muito tempo. Um passeio que recomendo é o Biodôme e a Tour de Montréal.

O Biodôme é uma espécie de zoológico com ambientes que reproduzem alguns habitats naturais das Américas. O da floresta tropical e úmida, por exemplo, é quente e tem uns jatos que pulverizam água para simular o ambiente real. O mais legal é que temos contado direto com o ambiente, inclusive com as aves que ficam soltas.

Um habitat que acho particularmente super interessante é o subantártico por causa dos pinguins. Tem neve artificial e as paredes são de vidro, que nos permite ver os pinguins nadando por baixo da água também. O Davi ria muito porque eles interagiam com ele através do vidro.

 Vizinho ao Biôdome, temos a Tour de Montréal, que é a mais alta torre inclinada do mundo com seus 145 metros a 45° de inclinação. Tem um elevador panorâmico para subir e a vista de lá é maravilhosa. Podemos ver muito de Montréal do alto, inclusive o estádio que foi usado nas olimpíadas de 1976, cujo teto é suspenso pela torra. Vale ressaltar que foram as olimpíadas de verão porque nesse lado do globo, as olimpíadas de inverno também são populares. Não deixem de dar uma olhada no andar que fica acima do de visualização panorâmica, que tem umas fotos da cidade em 3D.

De fato, Montréal tem atrações turísticas que não temos em Québec, mas nada que 260Km e 3 horas de viagem nos impeça de conhecer.

sábado, 7 de abril de 2012

Ville de Québec


Há séculos... bom, na verdade há alguns anos, eu e outros temos repetido a mesma ladainha em relação ao nome da cidade. Como por esses dias a frequência tem se acentuado, resolvi escrever aqui para poder reaproveitar a explicação e fazer o velho copiar e colar. A questão é que muitos brasileiros chamam a cidade de Ville de Québec, mas também toscamente de Ville DU Québec, Québec Ville, Ville Québec, Vila do Québec, Cidade do Québec, Cidade de Québec, e por aí vai.

A cidade se chama simplesmente Québec. Não dá confusão com a província porque o artigo faz a distinção. Então, quando falando da cidade, dizemos:
Québec é uma cidade bonita; Moro em Québec; Vou a Québec; Venho de Québec.
Já em relação à província, dizemos:
O Québec é uma província bonita; Moro no Québec; Vou ao Québec; Venho do Québec.
É análogo a dizer que Fortaleza é capital do Ceará, por exemplo.

Ville de Québec é usado para se referir aos órgãos municipais, da mesma forma que Ville de Montréal, Ville de Gatineau, etc. Quando alguém se refere à prefeitura, usam o termo ville e a sede da prefeitura é o Hôtel de ville. Eis uma página da Ville de Montréal para ilustrar o exemplo:

http://ville.montreal.qc.ca/portal/page?_pageid=5798,86299744&_dad=portal&_schema=PORTAL

 Outro é o Service de police de la Ville de Montréal:

http://www.spvm.qc.ca/fr/

Perguntei ao meu chefe se por alguma razão histórica ou seja lá qual for, se justificaria chamar a cidade de Ville de Québec ao invés de simplesmente Québec. Ele me respondeu que a chamam de Ville de Québec, as pessoas cujos idiomas nativos não suportam a distinção entre a cidade e a prefeitura usando o artigo como se faz em francês como, por exemplo, o inglês (que usa Quebec e Quebec city).

Para terminar, um vídeo que mostra a cidade com várias pessoas, inclusive o prefeito bradando: Ça c'est Québec.

http://www.youtube.com/watch?v=7XXnD8Ftae8