segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Frrrrette!!




Certa vez, vi um vídeo no qual uma pessoa entrevistava alguns québécois perguntando sobre palavras e expressões que só existem aqui. Em uma delas, a pessoa perguntou o que é frette/frio e a pessoa respondeu brincando que frette est plus froid que froid/frette é mais frio que frio. A galera da França não sabe o que é isso, nem a palavra, nem o frio daqui.
Estou atrasado na postagem, mas o assunto continua sendo válido. Segundo as estatísticas da Météo Media, no mês de janeiro, que é o mais frio, a média de temperatura máxima é de -7,5°C; a temperatura média é de -12°C e a média de temperatura mínima é de -16,5°C. Pas pire/nada mal, mas tranquilamente suportável se estivermos bem vestidos e preparados psicologicamente.
A pancada mesmo é quando tem uma queda de temperatura mais forte, que foi o que aconteceu pela primeira vez nesse inverno. Não deve ter durado uma semana, que é o típico, e nem foi tão abrupta quanto pode ser. Aqui em Québec, a temperatura chegou a -26°C com sensação térmica de -44°C, mas não foi tão diferente nas outras cidades canadenses do lado leste.
Colegas de trabalho me disseram que os carros mais modernos não precisam de nada em especial para esses dias de frio mais severo. Digo isso porque vemos carros que têm uma tomada pendurada para aquecer o motor mas o meu, por exemplo, nem tem. Quanto à descarga da bateria, me disseram que só acontece se a mesma já estiver no final de vida. Mesmo assim, não deu outra: o assunto de começo de expediente foi se o carro pegou logo ou deu trabalho. O nosso, que tem o pequeno motor 1.6, pegou de primeira mas rodou pesado como quando a bateria está descarregada. Mas foi por causa do óleo mais viscoso por causa do frio e não por causa da bateria. Dizem que quem tem problema mesmo são os donos de motores grandes como um V8 de seis litros (6.0). Estes não são tão raros assim em um lugar que tem uma gasolina de 1,20$/litro, que pesa no nosso bolso como se fosse R$1,20/litro. A propósito, está caro pra burro! Quando cheguei aqui custava só 1,00$/litro! As empresas de socorro automotivo como a CAA têm bastante trabalho nesses dias.
Outra coisa que percebi que muda é a aderência dos pneus. Eu vi uma caminhonete fazer uma curva derrapando igual a carro de rallye e por pouco não bateu em um poste. O asfalto fica mais escorregadio, mesmo sem neve ou gelo aparente. Um colega explicou que isso se deve mais ao endurecimento da borracha dos pneus, mesmo esses de inverno sendo bem mais moles que os convencionais.
Para quem não tem carro, é só colocar uma bermuda, sandálias, uma camiseta e pronto... para ir para o hospital! Temperaturas muito baixas podem causar queimadura de pele, dependendo do frio, do tempo e da presença de humidade como a que sai do próprio nariz. Para um frio extremo, o ideal seria usar todo o arsenal de frio e procurar passar o mínimo tempo possível exposto. Mas, como mon pays ce n'est pas un pays, c'est l'hiver/meu país não é um país, é o inverno, a vida continua! Algumas comissões escolares fecharam suas escolas, mas não a nossa. Acho que ela só fecha quando o vento fica tão forte que leva as crianças, que 75Km/h ainda não é suficiente ou quando cai muita neve em pouco tempo que o trânsito fica difícil. E até mesmo as pessoas que trabalham em ambientes externos continuaram trabalhando! C'est la vie/é a vida (essa mesmo quem não fala francês conhece!).
Para completar, durante o final de semana deu um problema no sistema de aquecimento que é coletivo e não pode ser ajustado por nós. A temperatura caiu dos agradabilíssimos 24°C para apenas 17°C. É a segunda vez que acontece em um ano. Por isso, comprei o contrário de ventilador, que não é rodalitnev. Se chama radiador parabólico. Ele tem o formato e gira como um ventilador, mas gera calor e o direciona através de uma parábola. Futuramente ele vai servir para termos um aquecimento mais eficiente quando precisamos de calor em somente uma parte de um aposento. Por exemplo, eu fico até uma hora da madrugada no computador e se tivéssemos o aquecimento elétrico controlável, poderia baixar a temperatura da enorme sala e deixar o aquecedor direcionado para onde fico. Olhe só a foto do garoto trabalhando!


Concluo resumidamente com apenas uma frase polêmica: Ainda assim, prefiro uma semana de -30°C a um ano todo de +30°C!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Conheça as cidades canadenses através de quem mora nelas


Estamos começando um projeto em parceria com os autores do blog Immigration Canada Tips com o intuito de mostrar pontos de vistas de diferentes tipos de pessoas que moram nas cidades canadenses mais visadas à imigração, em relação a estas. Em um formato de entrevista, os leitures poderão "sentir" cada cidade através das respostas às questões pertinentes.
Nossa intenção é de fazer uma primeira rodada de uma pessoa por cada uma das cidades mais visadas, como por exemplo: Québec, Montréal, Ottawa, Toronto, Calgary e Vancouver. Depois, tentaremos obter pontos de vistas de pessoas que moram nas mesmas cidades, mas que possuem perfis diferentes para dar diversidade às opiniões.
Aproveito para divulgar o blog Immigration Canada Tips que tem algumas características que o fazem ser diferente. Cito duas: É focado em dicas para imigrantes; É escrito por um grupo de pessoas, o que dá diversidade de opinião e de estilo;
A primeira cidade é Québec e o entrevistado, por acaso, sou eu.
Boa leitura: http://immigrationcanadatips.com/immigrant-talk-alexei-from-quebec/

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Hotel de gelo gelado




Eu passava vergonha porque as pessoas me perguntavam se eu já tinha ido ver o Hôtel de Glace/Hotel de Gelo, que é uma das atrações de inverno daqui de Québec e eu dizia que ainda não. E não podia deixar passar o segundo inverno sem conhecê-lo.
O dia não estava muito apropriado para passeios em ambientes externos. A temperatura estava em -20°C com sensação térmica de -30°C por causa do ventinho "refrescante". Mas... atrevidos que somos, topamos conferir e mostrar para vocês em vídeo. Resultado: Não passamos a tradicional hora e meia mas somente 45 minutos dentro do freezer. A temperatura de um freezer de geladeira é de -18°C! Se esquecermos as compras no porta-malas do carro, vai estar melhor conservada que na geladeira! Eu vi no sítio do hotel que a temperatura interna fica entre -3 e -5°C. Lá vou eu de luvas finas de couro para ficar mais à vontade para filmar. Nenhuma lareia estava acesa, não vi controle nenhum e estava bem mais frio que isso. Resultado: mãos geladas, o que não deveria acontecer.
Depois de ter visto os 36 quartos...sim! É um hotel de verdade! Só não sei quem consegue dormir nessas camas duras e geladas! Eles dão as dicas de como dormir lá nesta página. Continuando... a capela...Sim! Capela de verdade, onde fazem muitos casamentos bem originais. Continuando novamente...o bar e o tobogã, tudo devidamente filmado, os nossos pés pediram arrego!
Uma boa dica para quem vem visitar Québec durante o período no qual o hotel fica aberto. A outra dica é não descer de cabeça como eu fiz para registrar em vídeo! Se tiver um erro de cálculo, podem bater o chifre na parede. Ao menos não vai faltar gelo para colocar no galo da cabeça!

domingo, 23 de janeiro de 2011

365 dias, 52 semanas, 12 meses, 4 estações, 1 ano


É, caros leitores, um ano de Canadá! Passa rápido, né? Como presente de aniversário, ganhamos acesso a alguns serviços mais exigentes que têm como requisito ter um ano de histórico de crédito como o Communauto. Não é lá grande coisa. Com dois anos, ganharemos o direito de renovar o visto de residente permanente por mais 5 anos. Com três anos, estaremos habilitados para pedir a cidadania canadense. Ahh! Ai sim é interessante! Com quatro anos ou menos, o processo de cidadania chegará ao fim e ganharemos o passaporte canadense, com plenos direitos como um canadense nato.
O que acontece depois de um ano vivendo no Canadá? Sem dúvida nenhuma, não somos mais os mesmos. O único ano no qual eu tive mais descobertas e aprendizados que o que passou foi o meu primeiro ano de vida. Sim, claro que eu me lembro! Lembro até da cara do médico que me tirou da barriga da minha mãe! Ô mentira! Como é que tu viu se eles usam máscaras?! Deixem para lá.
Como está a adaptação? Terminada e ao mesmo tempo longe de chegar ao fim. Os detalhes do dia a dia já estão no piloto automático como, por exemplo: Como quebrar o pescoço para checar o ângulo cego ao mudar de faixa ou dobrar uma esquina de carro; ver a previsão do clima antes de sair de casa; como calçar botas, amarrar cadarços com dois nós, colocar cachecol, casaco, gorro, luvas em menos de um minuto; como escorregar os dois pés ao mesmo tempo no gelo e não cair; colocar o bac bleu/caixa azul de lixo reciclável domingo a noite na calçada (com aquela brrrrrizzzzzzinha legal!), e por aí vai. Agora, quando olho para trás é para ver se eu e a Lara não estamos bloqueando a calçada e atrapalhando quem quer passar. Um dia, me vi checando se a porta do carro estava travada antes de sair dirigindo. O que me espantei é que ela estava travada e eu a destravei! Parei um pouco para analizar o que tinha acontecido e cheguei a conclusão que faz sentido! Se acontecer uma emergência, a porta destravada vai ajudar.
Depois de um ano, melhor ou pior, acredito que todos nós cheguemos ao nível de termos uma comunicação que nos permite interagir com os nativos. Talvez não seja suficiente para quem precisa de uma comunicação impecável como alguns profissionais, mas dá para desenrolar os problemas mais corriqueiros até por telefone. Por outro lado, achava que depois de um ano eu estaria falando muito bem, a ponto de não cometer erros e de ter um sotaque quase imperceptível. Tolinho! Como é que se diz em francês ou em inglês: unha encravada, desentupidor de pia, dentre vários outros quebra cabeças linguísticos que nos ocorre a todo momento? Eu sabo! Vocês poder compreender me todos que eu falo, mas eu não sempre mas ainda fazer erros, você sabe? Se eu fazer erro, você me dizer, ok? Claro que nem todo mundo com um ano de imigração em um ambiente de outro idioma fala mal assim. A tendência é falar melhor ou bem melhor que isso, mas não é regra. Também depende o grau de exigência e eu inconscientemente quero falar tão perfeitamente quanto falo em português, o que é bem mais complicado. Também, preciso fazer apresentações em inglês e francês, então, tem que caprichar mesmo. Varia muito, mas em geral, dá para entender e ser entendido.
Eu enfatizo muito o idioma porque ele tem um papel muito importante na integração. Já fomos a algumas festinhas de aniversário de colegas de escola do Davi e da Lara, assim como uma amiga da Lara já veio passar a tarde aqui em casa. Temos amigos canadenses e de outras partes do mundo, mas na hora de ir para a casa de alguém ou de convidar para alguma atividade, sempre é mais fácil com outros brasileiros por causa da comunicação.
Não dá para dizer como é que fica o padrão de vida de um imigrante depois de um ano porque cada um tem uma história muito diferente do outro. Já vi gente comprar casa com seis meses aqui, como também gente que nem consegui emprego depois de um ano. Assim, vou passar a falar de minha percepção extremamente pessoal da vida aqui.
Não existe uma só forma de dizer quando o inverno começa e quando termina pois a neve, que é um dos parâmetros, não respeita os três meses de calendário. Mas uma coisa é certa: ele é bem longo e é uma das queixas que ouço. Quanto ao frio, é muito frio mesmo. Em geral, a temperatura fica entre -10°C e -20°C, mas às vezes o mercúrio dá um mergulho que pode ir bem além dos -20°C, embora seja por poucos dias. Por um acaso, a previsão para amanhã é de -28°C com sensação de -40°C. Isso não nos impede de passarmos uma hora e meia em ambiente aberto para curtir a festa de Lévis, a cidade do outro lado do rio, em plenos -15°C. Porém, tem gente que acha o frio insuportável e a reclamação começa já no outono.
As metades da primavera e do outono  que não são invadidas pelo inverno são belíssimas e agradáveis. O verão deixa tudo muito alegre e movimentado. Parece outro país. O que não gostei é que tem uns períodos nos quais faz um calor terrível e por vezes pior que Fortaleza.
Me identifico muito com a sociedade daqui. É muito pautada no respeito, na gentileza, na cortesia. Esperávamos pessoas frias e trancadas mas ao menos aqui em Québec, temos visto muita gente simpática e aberta. Nunca sofri nem um mínimo traço de preconceito ou discriminação por ser imigrante. Claro que existe aqui, como no mundo todo, mas ao menos dificilmente é explícito porque isso é levado muito a sério aqui. E é muito boa a sensação de confiança e honestidade que se manifesta nos postos de gasolina onde entramos para pagar e não tem ninguém fora ou em alguns caixas de alguns supermercado onde nós mesmos registramos os produtos e pagamos.
Um amigo meu, pouco antes da nossa partida, me desejou o seguinte: Que você encontre lá o que estás procurando. Depois desse ciclo, posso afirmar sim que encontrei aqui o que estava procurando: Qualidade de vida, bem estar, segurança, respeito ao próximo, bem como zilhões de pequenos detalhes difíceis de explicar a quem não mora aqui que me fazem sentir que nasci no pais errado mas agora estou no lugar certo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Centre de glisse Myrand




Continuando a mostrar o lado bom do inverno, o canal do imigrante foi hoje ao Centre de glisse Myrand. É mais uma entidade de lazer da prefeitura de Québec com uma boa infraestrutura para a diversão de toda a família. Sim, mas faltou dizer o que raios é glisse né, bonitinho?! Obrigado pelo elogio, apressado! Glisser é deslisar, escorregar. Glissade é tudo que é feito para descermos deslisando, do escorregador ao tobogã, seja sem nada ou com qualquer coisa que reduza o já pouco atrito da neve ou gelo, incluindo bóias grandes.
O centro conta com duas pistas que tanto são altas quanto longas para quem tem a partir de 1,32m de altura. Para os menores como a Lara e o Davi, tem mais quatro pistas mais apropriadas. Nas grandes, descemos com essas bóias grandes e tem um cabo de aço que as puxa nos levando de carona até em cima. Claro! Quem é que aguentaria subir tudo isso a pé? Nas pequenas, descemos em uma espécie de soucoupe/pires que cabe um adulto e uma criança.
Os tobogãs pequenos são gratuitos, porém os grandes são pagos. Mas para quem mora no Québec e vai em família, custa apenas 5$ por adulto. Acho difícil que isso pague a infraestrutura e todos as pessoas que trabalham no local. Como é muito comum por aqui, lá tem também uma pista de patinação, que também é gratuita.
Estava um dia de sol aberto com céu de brigadeiro (não o de chocolate), o que nos faz sair de casa para atividades externas seguindo a filosofia il fait beau, il faut en profiter/o tempo está bonito, tem que aproveitar. E sol aberto e céu azul no inverno, como vocês já devem saber, muitas vezes significa massa de ar frio e seco. Estava fazendo -10°C com sensação térmica de -18°C, mas isso não é problema. Basta colocar roupas apropriadas. Se for fazer algum esforço físico como subir puxando o Davi no pires deslisante, aí é que não sentimos frio mesmo! Quando muito, pode esfriar os pés por causa do suor, mas até para isso tem solução. Só não pode é ficar trancado em casa durante o inverno todo! Aí, só urso mesmo!















sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Ladrão canadense versus ladrão brasileiro



Ladrão canadense?!?!?! Ué! Eu pensei que não existisse isso aí! Claro que existe! Gente é gente no mundo todo, com suas qualidades e defeitos. O que muda é a proporção e...bem, vocês vão ver outra diferença.
Ladrão canadense: A Lara deixou a porta de trás do carro destravada. O nosso carrinho não tem travas elétricas, logo, às vezes acontece de alguém esquecer e nem sempre eu confiro. Um belo dia, a Mônica encontrou o porta-luvas aberto e seu conteúdo revirado no banco. Ela pensou que tivesse sido eu e nem comentou. Mas na verdade, foi um voleur/ladrão que, percebendo que a porta estava destravada, foi pegar o GPS no porta luvas. Isso acontece muito aqui no Canadá. Só que o suporte que ele viu preso no parabrisa era do nosso GPS, mas este é na verdade meu celular que, obviamente, não fica no carro.
Frustrado por não ter encontrado um GPS, ele furtou o que tinha de mais caro para levar: Um cartão de proximidade que abre a cancela do estacionamento. Wwwoooowwww!!!! Estou falido!! O coitado é tão ingênuo que nem vai poder usar o cartão em canto nenhum! O concièrge/responsável pelo condomínio cancelou o cartão e disse que nem em outros sistemas o cartão vai funcionar porque estes trabalham com uma faixa de numeração definida. Teria o som do carro para levar, mas ele fica embutido no painel e não deve ser fácil de ser reusado pois acredito que só encaixe em outro Kia Rio.
Lucro do ladrão: 0$. Prejuízo nosso: 25$ do cartão. Pra falar a verdade, achei caro porque o da escola nos custa somente 10$. Vale ressaltar que isso é apenas um depósito de garantia. Quando devolvermos o cartão, o condomínio e a escola nos devolve o dinheiro.
Ladrão brasileiro: Ligaram para o antigo trabalho da Mônica no Brasil para confirmar o uso indevido do nosso cartão de crédito brasileiro. Fazemos raramente compras de até 50$, em dólares canadenses, somente na amazon.ca ou no skype.com. Na Amazon, nem mesmo preciso fornecer os dados do cartão. Basta eu selecioná-lo. Derrepente, apareceram 3 pagamentos de contas brasileiras nos valores de R$1.600,00; R$1.300,00  e R$1.700,00 no mesmo dia. Bom, é fácil perceber que foi uma fraude, mas isso nos rendeu horas de ligação para o banco, cartas escritas à mão, várias tentativas sem sucesso de transmiti-las via fax, emails para lá e para cá, etc. Finalmente, os débitos do cartão foram cancelados, mas este também. A conta corrente ficou bloqueada. Blá, blá, blá outra vez e desbloqueamos a conta, mas somente para consultas. O novo cartão e a nova senha vão ser enviados para o endereço do nosso ex-apartamento no Brasil, que felizmente agora é do meu irmão. Enquanto isso, nada de conta corrente nem de cartão de crédito brasileiros.
Lucro do ladrão: R$4.600,00. Prejuízo nosso: Teoricamente nenhum, mas na realidade, o banco tem uma conta para bancar (banco para bancar foi sem querer) essas fraudes e somos nós clientes que pagamos esse custo que não é baixo, já que esses problemas são bem mais frequentes que imaginamos.
A diferença não fica somente na quantidade de ladrões por mil habitantes dos dois países, que deve ser bem grande. O ladrão canadense típico é o descuidista, amador, que faz somente furto e que tem medo de ser pego. Assaltos até que existem, mas são bem mais raros e mais nas grandes metrópoles. Vemos muitas mansões de meio a um milhão de dólares com uma ou até duas garagens repletas de bugingangas e dois carrões do lado de fora, praticamente na rua mesmo. Vale lembrar que aqui as casas e condomínios não têm muros, são totalmente abertos. Podemos até cortar caminho indo por dentro dos quarteirões, já que muitas vezes nem existem delimitações dos terrenos. São raros os casos de uma cerquinha baixa de madeira que serve para evitar que as crianças saiam.
O "bom" ladrão brasileiro é malandro, astucioso, profissinal, ousado, não tem medo, nada a perder e às  vezes sabe que se for preso vai ser solto. Eu já ouvi um gritar do meio da rua: -Pode chamar a polícia! Não adianta nada. No outro dia eu vou estar aqui outra vez e te pego! Já fui preso outras vezes.
No Brasil, entre tentativas bem e mal sucedidas, já fui assaltado (não estou falando de furtos) 5 vezes, inclusive com pedaços de pau, facas e um revólver apontado para meu rosto. Nesta última vez do revólver, já estava tão acostumado que acalmei o assaltante e negociei com ele para ficar com a carteira e os documentos.
Continuo prostituído da vida com a chatice que o ladrão brasileiro causou, principalmente porque nem estamos mais no Brasil. Mas prefiro os ladrões de galinha canadenses!