quarta-feira, 30 de novembro de 2011

E as portas do Canadá se fecham mais...



Alexei Nostradamus previu mudanças no processo do Québec nessa postagem de julho de 2010. Aconteceu mais ou menos o que eu escrevi. Transcrevo aqui o texto que uma pessoa da École Québec (que pediu para não ser identificada) mandou para uma das listas de imigração sobre a conversa que ela teve com o Gille do Bureau d'immigration du Québec.


Salut tout le monde,

Conversei com Gilles ontem a noite depois da palestra sobre imigração. Fiquei sabendo de umas coisas que quero comunicar para vocês. 

A partir de janeiro ou fevereiro, o escritório de imigração do Québec ficará em Mexico City. Assim, o processo vai demorar mais ainda. 

Também, em janeiro ou fevereiro, começarão a obrigar os candidatos à imigração a fazer a prova de francês. Isso também deixará o processo mais demorado pq vocês terão que atingir o nivel de francês necessário antes de mandar a documentação. Hoje, vocês podem mandar a documentação com nivel menor e continuar estudando para ter o nivel de francês necessário no dia da entrevista.

Porque? O Primeiro Ministro do Québec, Jean Charest, pediu para a Ministra da imigração diminuir o orçamento ainda mais. Não é que eles não querem mais imigrantes, mas eles não querem gastar tanto com eles. E não é que eles querem menos Brasileiros. O escritorio de Paris vai ser em Montréal. Estão simplesmente diminuindo os gastos.

Gilles me disse também que acha que o processo federal não vai ser mais rápido ano que vêm. Tomará que ele esteja errado!

Conclusão: Recomendo aos que tem condição de mandar o dossiê en janeiro (que tem como conseguir os documentos necessários e que jà tem um tempinho de francês), mandarem em dezembro mesmo.

Se vocês estiverem na dúvida se podem mandar ou não, me liguem na escola. Meus horários até 22/12:
2a, 4a e 6a: 14 às 19 (a menos que esteja dando aula)
3a e 5a: 10 às 19 (também a menos que esteja dando uma aulinha)

Bonne chance à tous!

p.s. Os que não poderão mandar até o final do ano, não se preocupem que reorganizaremos o programa para prepara-los para a prova!

domingo, 13 de novembro de 2011

Primeira neve de 2011-2012

A exotérica data de 11/11/11 passou e ainda não foi agora que o mundo se acabou. No dia seguinte, tivemos a primeira neve desse inverno que está chegando. Podem me chamar de bobão, mas está começando o nosso terceiro inverno e ainda ficou deslumbrado contemplando a neve caindo. Acho um espetáculo da natureza muito bonito.

Dizem que depois do terceiro inverno começamos a detestá-la, mas acho que depende de cada um e possivelmente não vai ser meu caso. Tem uma diferença considerável dessa vez. Agora estamos morando em uma casa e eu vou ter que tirar a neve da entrada da casa e da garagem. É o famoso verbo pelleter, que significa cavar com uma pelle/pá. Já me fizeram muito medo contando sobre o famoso invernão de 2008. Um cara com quem eu conversava no parque me contou que chegou uma hora que não conseguia mais jogar a neve para cima da trinchera de entrada da casa dele porque estava alta demais e não tinha mais onde colocar tanta neve. Quack!!! Exagero? Olhem essa foto que achei na Internet desse inverno de 2008 aqui em Québec e me digam se é ou não.



Ao menos nesse inverno temos um abrigo que vai nos poupar bons minutos de limpeza do carro, atividade essa que a Mônica se queixava muito. Também, mesmo antes de nevar já estávamos nos beneficiando dele porque os vidros do carro não ficam cheios de gelo das geadas. Mesmo assim, o serviço de déneigement/remoção de neve a joga na entrada da garagem e pode ficar bem "bonitinho" para sair de manhã cedo, já estando atrasado. Vamos ver.

Gravei um video curto dessa primeira neve que começa a transformar Québec na Branca de Neve. Faço algumas observações prévias porque baseado em experiências anteriores, sei que algumas pessoas vão tirar conclusões erradas do que vão ver: Esse carro preto em frente à nossa casa não é nosso e essas casas que aparecem são as casas dos vizinhos filmadas à partir da nossa, que não foi incluida. E também, antes que perguntem para que eu coloquei duas hastes na entrada da garagem, elas servem para que saibamos por onde podemos passar depois que o chão estiver cheio de neve sem subir nas pedras.



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Fim do horário de verão 2011


Essa vai ser mais rápida do que espirro de pincher (aquela versão super reduzida do doberman que é todo elétrico). É só para avisar que acabou hoje (primeiro domingo de novembro) o horaire avancé/daylight saving time/horário de "verão" (primavera-verão-outono). Para não repetir o conteúdo, leiam a postagem análoga de 2010.

domingo, 6 de novembro de 2011

Bateram no nosso carro!


-Alexei, bateram no nosso carro e a bateria está acabando!
-Quack!!!

Batida já é por si só algo estressante. E em um país onde tudo é diferente, para resolver o problema em um idioma novo é ainda mais estressante. Graças a Deus, ninguém se machucou, o que já é um grande alívio.

Na verdade, essa é a quarta vez que batem em um carro nosso nesses um ano e dez meses que estamos aqui. Os québécois são muito habilidosos para dirigirem em alta velocidade, até mesmo em tempestades de neve. Mas parece que são desatentos quando o asfalto está seco, que foi a situação das quatro ocorrências.

A primeira batida causou apenas um arranhão na pintura do parachoque traseiro. A segunda não mudou muita coisa no que já estava arranhado. A terceira foi em um estacionamento e não vimos. Ela causou um vinco na porta e nenhum desses casos foi suficiente para merecer manutenção.

Mas essa última vez foi mais forte. O cara desatento bateu com força suficiente para estragar a parte de plástico do parachoque traseiro do nosso carro e acabar a frente do carro dele, que não andava mais. Esse é o principal motivo de termos comprado um carro grande, um SUV: a segurança. Não só a segurança passiva da maior resistência a impactos com seis air bags, mas também a ativa para andar na neve com melhor tração, controle e frenagem. Fazia pouco tempo que tinhamos comprado e eu adoro carros, mas aprendi a ter desapego com meu pai. Enquanto eu dirigia, bateram em um carro dele que eu gostava muito. Quando meu pai me viu irritado com o cara que bateu e triste com o estrago, ele disse: ninguém se machucou e isso é o que importa. O carro é lata que se conserta na oficina e depois de algum tempo acabamos trocando por outro de qualquer forma.

Mas então, o que fazer? Não sabia ao certo como proceder mas disse para a Mônica ligar para a seguradora que eles a orientariam. Perguntam inicialmente se alguém se machucou. Se sim, tem que acionar a polícia. Caso contrário, basta pegar certos dados do condutor. O Desjardins dá um formulário com duas partes para ficar dentro do carro para essas ocasiões. Uma parte está parcialmente preenchida com nossas informações para passarmos para a outra pessoa envolvida no acidente. A outra parte é para ser preenchida com as informações requeridas dessa pessoa.

O motorista do outro carro foi super educado e humildemente assumiu logo a culpa, pedindo desculpas pelo susto e transtorno. Mesmo não sendo obrigatório, ele acionou a polícia que fez um relatório e passou o número desse para ambas as partes. E foi só isso! Quando liguei para a Mônica para dizer que o prestativíssimo amigo Tiago estava vindo para irmos ao encontro dela, já não estava nem mais lá no local do acidente.

Em casa, conforme a orientação da seguradora, ligamos para fazer o acionamento e dar mais detalhes. Foi basicamente relatar o que aconteceu e repassar os dados do outro condutor. Feito isso, a atendente explicou como seria o processo e já deu a indicação de uma oficina que fica perto de casa.

Fui à oficina em um sábado para tirarem as fotos e para fazerem um orçamento para ser avaliado pela seguradora. Apesar de ter danificado exclusivamente a parte plástica do parachoque que nem é pintado, custou a bagatela de 1800$. Ouch! Na sexta-feira, me ligaram da oficina dizendo que tinha sido aprovado e que poderia deixar o carro. Deixei-o na segunda-feira e me emprestaram um Toyota Yaris com câmbio automático e retrovisores, travas e vidros elétricos. É a seguradora que paga o uso desse carro, mas eu tive que devolvê-lo com o tanque cheio. Na quarta-feira o carro já estava pronto, novinho de novo e sem nenhuma marca de acidente.

A seguradora disse que caso eu quisesse consertar o carro antes de eles receberem o relatório da polícia, que levou duas semanas, eu teria que pagar a franquia à oficina e ser ressarcido caso realmente não fosse nossa culpa. Não me cobraram, mas também não foi nossa culpa mesmo. Por isso, não ficamos com nada no nosso histórico, que causaria uma alta no custo dos próximos seguros. O interessante é que a culpa não é contabilizada como sim ou não, mas como um percentual. Suponho que existam situações onde cada parte fica com 50% da culpa. Também imagino como seria a apuração da culpa sem o acionamento da polícia, visto que cada seguradora paga o prejuízo do seu cliente, cobram a franquia de quem tiver culpa e se resolvem entre si para ressarcir a outra. Acho que fariam um batimento dos relatos de ambas as partes para chegarem a uma conclusão.

Um colega meu disse que por causa da questão de histórico de culpa, que se não me engano é reportado a um cadastro compartilhado entre as seguradoras, em casos menores, as partes podem negociar para não acionar as seguradoras. O fato é que nem mesmo os próprios nativos sabem dizer como é que isso funciona ao certo, mas estou muito satisfeito com o atendimento e a clareza da nossa seguradora. Agora já posso é explicar para os nativos ao invés de perguntar!

De qualquer forma, melhor mesmo é prevenir e dirigir com prudência, atenção e cuidado, principalmente no inverno. E por falar em prevenção, é bom deixar o telefone da seguradora, bem como o seu número de apólice no porta-luvas do carro!

Temperatura em casa

 Uma coisa que eu tinha muita curiosidade sobre o Canadá quando eu ainda estava no tórrido Ceará era se o "quentinho" de dentro das casas e apartamentos era apenas força de expressão e se mesmo no aconchego do lar sentiríamos frio. Isso porque em Fortaleza, quando saímos do ambiente externo a 35°C e entramos em um ambiente com ar condicionado a 24°C, venhamos e convenhamos, para muitos cearenses é frio.

Vou usar minha resposta preferida: sim e não. Isso porque existe uma faixa de temperatura que são ajustadas nos lares e também a sensação de temperatura varia de pessoa para pessoa. Outro fator que no começo distorce esse aspecto é a questão de como se vestir em casa. Mas vamos por partes, como dizia Jack o estripador.

Em relação à temperatura, que às vezes é fixa e determinada pelo proprietário ou pode ser ajustada até por compartimentos, existe uma certa variação. Fiz um levantamento informal e nada científico perguntando às pessoas qual a temperatura dos seus lares. As respostas estão no gráfico do topo dessa postagem. Como podem ver, a maior concentração está entre 21 e 23°C, mas 20°C e um pouco abaixo também é usado.

Quanto à sensação, depois de saírmos do Ceará e passarmos por uma variação de 34°C a -26°C, com respectivas sensações térmicas de 44°C a -40°C, o nosso referencial de temperatura mais agradável muda. Os 23°C a 24°C passam a ser a faixa onde eu e a Mônica e as crianças nos sentimos mais confortáveis, nos vestindo como faziamos no Ceará: short ou bermuda e camisa de malha de manga curta. Sinceramente, a partir dos 25°C para cima eu já começo a me incomodar, mas como disse, isso varia de pessoa para pessoa.

Mas deixar o lar a 24°C enquanto lá fora está entre -10 e -20°C, que é o típico do inverno, demanda energia que implica em custo. Somos felizardos porque o Québec tem as tarifas de energia mais baixas do Canadá que são mais vantajosas para chauffage/heating/aquecimento que o uso dos combustíveis fósseis. Na França, pelo que me contaram, os pobres coitados ajustam entre 16 e 18°C. Vale ressaltar que quanto mais baixa a umidade, menos frio sentimos, mas cuidado para não deixá-la muito baixa. Recomendo controlar em 40% no inverno.

Eis como chegamos na faixa típica do gráfico, fazendo um pequeno ajuste cultural nos nordestinos. Usar pouca roupa é confortável quando estamos no calor. Mas existem roupas de tecido bem confortável que podemos usar em casa que nos permite baixar alguns graus e continuarmos nos sentindo na temperatura ideal. Como exemplo, uma calça e até mesmo, se for o caso, um blusão de moletom por cima de uma blusa. Para os pés, meias ou pantufas. As meias têm o inconveniente de serem escorregadias e para quem tem escadas, não recomendo, enquanto que as pantufas podem ter o solado emborrachado. Isso vai até o limite onde sentimos frio nas mãos e não é lá tão interessante escrever no computador com luvas.

Mas o que acho mais confortável mesmo em relação ao lar aqui no Canadá é o sono. Devido ao frio, as casas têm uma isolação térmica muito eficiente. Esta isolação reduz a quase nada o ruído externo. Na hora de dormir, faz um silencio ensurdecedor! E a temperatura fica fixa durante a noite toda, o que se traduz em um sono de muita qualidade. O ruim mesmo é sair debaixo dos cobertores quentinhos para ir trabalhar. Mas aí é querer mordomia demais, né?

Halloween 2011

Como nessa postagem do ano passado já dei uma visão geral do Halloween, agora vou falar de outros aspectos, sobretudo do que aconteceu neste ano.

Primeiro, no trabalho parece que ficaram ainda mais malucos. Quando cheguei para trabalhar, tinha uma imitação de teias de aranha gigantes na sala e um doido que passou o dia todo trabalhando enrolado nela. Vejam na foto seguinte.

Depois, chega o outro maluco só de bermuda e um pano por cima de um dos ombros como um homem das cavernas. Para ficar mais realista, ele se sujou todo de lama que parecia um mendigo daqueles bem largados. Depois do almoço, levei um susto com o baita arroto que ele deu. Logo depois, disse: Désolé! Je joue mon rôle!/Desculpem! Estou interpretando meu papel (personagem). O detalhe é que apesar de sua boa camada adiposa, passou o dia com frio por ter pouca roupa para se cobrir, até porque as laterais eram abertas. E o pior é que ficou só com o terceiro lugar no concurso, perdendo feio para o monstrengo da esquerda nessa outra foto.

Para a minha surpresa, aqui na nova vizinhança em Lebourgneuf tem muito movimento de porta em porta e é bem animado. Corrigindo a postagem do ano passado, aqui se diz Joyeuse Halloween/Feliz Halloween, lembrando que os québécois não pronunciam o H de Halloween, fato esse que me incomoda principalmente quando falam "l'alloween" ou "d'alloween". They ave (have) a problem with the H!/Eles têm um problema com o H!

Neste ano, uns amigos nossos chamaram outros brasileiros para o Halloween superproduzido na casa deles. Só para dar ideia, tinha até máquina de fumaça! Muita gente compareceu, inclusive, era difícil saber quem era quem com as fantasias. Vejas as fotos que escaparam da pouca luminosidade.




Essa postagem de outro blog fala bem do impacto que o Halloween tem nas crianças com a inevitável superexposição à qual eles são submetidos nessa cultura macabra e amedrontadora. Em geral, os nossos reagem bem em todos os ambientes que vamos. Até porque, tem muito também de uma festa de fantasias de todo tipo como um carnaval, não somente as de terror. A exceção é o medo de aranhas que o Davi tem e uma loja que vimos nos Estados Unidos que jogava pesado. Um dos bonecos pegou a Lara de surpresa e ela não quis mais entrar lá, mesmo sabendo que era só um boneco. O vídeo que gravei nessa loja não passa o mesmo impacto porque o som não é alto como o da loja. Mas meu instinto sádico para sustos ficou imaginando esses bonecos na escuridão da noite sendo acionados pela pisada no sensor estrategicamente colocado no caminho de entrada da casa. O requinte de crueldade é um fundo musical de filme de suspense para preparar e amplificar a descarga de adrenalina.





Continuamos na linha de participar e mesclar a cultura local com a nossa, mesmo dessa vez eu não tendo encontrado uma fantasia para usar. Vou tentar no próximo encontrar uma boa fantasia com a qual eu possa ir até para o trabalho. O problema é acharmos uma que nos permita usar o casaco, pois uma fantasia fininha a zero graus é um verdadeiro terror!