domingo, 21 de março de 2010

Lara à l'ecole


E mais uma vez a estória se repete. Quarta-feira, 08h15, École Anne-Hébert. Nós vamos deixar a nossa filha em uma escola desconhecida, cheia de gente desconhecida, sem falar nada de francês e ninguém fala português! Perguntei se tinha alguém que falasse ao menos espanhol na turma dela para facilitar a comunicação e acharam uma menina em uma turma bem mais adiantada. Ai, ai, ai! E se ela precisar de alguma coisa? Vai ficar igual surda-muda! Ela vai se isoladar no canto da sala, achando a aula um saco e nunca mais vai querer voltar para a escola! AAAAHHHHHH!!!!!!!
Sabem, né. Pai é pai! (no sentido de pai ou mãe). Quando digo que mais uma vez a estória se repete é porque já tivemos notícias de outros pais imigrantes que passaram por situações parecidas. Não aconteceu nada disso!
Por ironia do destino, a primeira aula da Lara no Québec foi de inglês! Foi bom pois nivelava mais à situação das outras crianças, porque é um ensino de uma língua não materna para todos ou ao menos a grande maioria da turma. Fomos ao refeitório para conversar sobre o almoço. Avisamos que ela não fala francês e a senhora, como todos os demais da escola, foi muito simpática, prestativa e atenciosa. Ela disse que não teria problema. Elas iriam mostrar as opções, pedir para que ela apontasse e usariam gestos. E como tem mais de uma opção e as sobremesas, fiquei mais despreocupado, porque a Lara é muito problemática para comidas. Acho que vai ser a oportunidade de ela ser mais flexível, até porque a variedade de cardápio é muito maior que no Brasil.
De volta à sala, para explicar a ela como iria ser, ela estava lá, bem à vontade e sorridente.
- Olha! A professora me deu esta tarefa e pediu para pintar. Adoro pintar! A tarefa é muito fácil.
Expliquei tudo e ela nem esperou pelo final.
- Tá, tá! Tenho que voltar para continuar a tarefa.
Quando cheguei em casa, ela contou que a aula foi legal, que já tinha feito três amigas e que as outras crianças a receberam muito bem. Disse que faziam muitas perguntas mas ela não as entendia. Ai a Maria, a menina que fala espanhol, avisava que ela não falava francês e dizia o nome dela. Depois de um tempo, as crianças ficaram dizendo "Lara, Lara, ..." em coro. A professora fala francês, inglês e espanhol, o que dá uma boa bagagem para entender os cognatos do português. Eu disse à Lara para, quando precisar, falar em português devagar e bem explicado.
Na quinta-feira e na sexta-feira, ela também disse que gostou, brincou de bonecas com uma amiga, todo dia come alguma coisa, mesmo que eu saiba que não come tudo, mas completa com uma sobremesa.
A parte ruim é que o correto seria ela ter quatro aulas em dias diferente, somente de francês para quem não fala ainda (francês como segunda língua) e somente depois começar na aula normal. Infelizmente, estava demorando muito para conseguir uma professora específica e a coordenação achou melhor ela começar logo. Não é tão grave porque todos dizem que as crianças aprendem muito rápido, mesmo dessa forma. E também, agora ela está finalmente imersa no ambiente francófono e assim, posso começar a ensinar em casa porque agora vai funcionar. Antes, era mesmo que eu ensinar estando no Brasil: não funciona. O nosso professor de francês de Fortaleza já havia explicado isso.
Até o Davi que ainda não está na garderie/creche hoje saiu espontaneamente com um "vatu nuá" (voiture noire/carro preto, pronuncia-se mais ou menos como "vuature nuár'). Estou ensinando a ele as cores e, como ele adora carros, estou usando-os como exemplo.
Ainda não dá para avaliar a escola em outros aspectos, mas a estrutura dela é de escola privada boa do Brasil. E a atenção, gentileza, simpatia, educação e o interesse de todos que trabalham lá não tem comparação. E olhem que é pública e gratuita!

4 comentários:

  1. Que maravilha amigos!!!
    J´estou imaginando minhas meninas (9 e 1 ano) neste processo por aí com as linguas rsrsrs
    Espero encontrar uma escola e uma creche logo logo. Chegaremos em 28/05. Vcs não encontraram vaga em creche? Ou não irão colocar agora?
    Milene :)
    milene_fm@yahoo.com.br

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  2. Creche subsidiada diretamente pelo governo (7$/dia) é bem difícil mesmo. Conversei com duas mães aqui e elas disseram que esperam até 2 anos. Vamos ver agora outras alternativas como escolas pré-maternal (a partir de 3 anos), pagar uma creche de 25 a 35$/dia e pedir o reembolso do imposto de renda mensal, usar a ajuda creche do curso de francisação, etc.

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  3. Alexei,

    Gostei muito do blog de vocês, porque, é o que estava procurando um blog que fala da adaptação das crianças mais detalhado. Estamos conhecendo e pegando todas as informações sobre o canada e vamos ai em julho, dia 12, para conhecer mais de perto. Afinal tambem temos uma menina e um menino.Para iniciarmos o processo de imigração para montreal. Meu marido, trabalha como gerente distrital de um laboratorio americano.Vc acha que é muito dificil conseguir alguma coisa em laboratorio aí também??????
    Eu sou formada e pós-graduada na área de RH. Mais no momento não estou trabalhando porque tive um menino que está com 1 ano e 2 meses.Mais, já estamos decididos a ir para o canada.Fico muito preocupada com a minha filha, Porque ela é muito apegada a minha mãe e tambem não come direito, será que ela se adaptaria????

    Por favor, me responda.
    Obrigada,
    Kelly Antunes

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  4. Kelly: Sobre mercados de trabalho específicos, não tenho muito subsídio para responder. Quanto à avó, também não sei dizer. Só posso dizer que o Skype com vídeo é o que ameniza a saudade. Quanto não comer direito, tem todo tipo de comida aqui, logo, problema só vai ter se for emocional. Os meus eram assim e finalmente pude por em prática a minha teoria de que comem quando quiserem, pois não morrem de fome. Não emagreceram por isso. Se tiveres mais dúvidas, meu email é alexeiaguiar@gmail.com.

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